18 setembro 2006

ALCATRÃO E PENAS

O tempo passa, as violações às leis do segredo de justiça repetem-se, os diálogos telefónicos entre responsáveis pelo futebol aparecem escarrapachados nos jornais, onde se pedem favores e se subornam árbitros, sem qualquer sinal de um mísero desmentido sequer da parte de quem se mostra campeão da boca de trombone quando as circunstâncias são outras.

Embora o tratamento não esteja na nossa tradição popular, a divulgação dos filmes do Oeste norte-americanos permite que quase todos nós saibamos qual é o significado de quem é tratado com um banho de alcatrão seguido de uma aplicação de penas por cima: o batoteiro que foi apanhado a fazer batota (sobretudo com cartas) e é assim exposto à chacota de todos.

Eu não me considero um grande entusiasta das micro-causas blogosféricas, mas gostaria de colocar à consideração do leitor a hipótese de, falha a hipótese de os condenar juridicamente e descartada a de lhes aplicar fisicamente o alcatrão e as penas como se fazia no velho Oeste, se oferecer aos protagonistas do Apito Dourado um kit com uma lata pequena de alcatrão e uma embalagem com penas.

Evidentemente que, sendo Valentim Loureiro, Luís Filipe Vieira, Jorge Nuno Pinto da Costa e demais comparsas figuras públicas e ciosas de o serem, a cerimónia de oferta daqueles brindes também o deveria ser. Não tenho dúvidas que o gesto transmitiria aos premiados, com sobriedade, qual o sentimento mais profundo do sentir de uma parte importante da população portuguesa.

A não ser que apareça outro parecer do Doutor Canotilho a concluir que o alcatrão e as penas, mesmo quando em pequenas quantidades, podem ser inconstitucionais. Aparentemente não faria qualquer sentido, mas não seria a primeira coisa a não fazer qualquer sentido aparente a ser emitida da pena do Doutor Canotilho…

2 comentários:

  1. Creio que o problema não é a inconstitucionalidade, mas o preço do alcatrão!
    Olhando para muitas das nossas estradas, chegamos à conclusão que, devido ao aumento da cotação do barril de petróleo, já nem para isso dá...
    Para quê gastar alcatrão com tão ruins defuntos?

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  2. E as penas?

    Não seria possível pô-los a penar as penas?

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