19 setembro 2006

PARABÉNS, JOÃO CRAVINHO!

Neste dia em que, segundo leio no jornal, João Cravinho celebra mais um aniversário lembrei-me de a ele me referir (algo que já há alguns dias fazia intenção) a respeito do protagonismo que tem vindo a assumir enquanto espécie de cruzado numa grandiosa campanha que tem anunciado repetidamente preparar-se para levar a cabo contra a corrupção entre nós.

O objectivo é justo, a causa nobre, a tarefa grandiosa, tudo estaria muito bem, não fora o percurso político do proponente quando se recorda o episódio da Junta Autónoma das Estradas (JAE) e das graves denúncias de corrupção interna, que foram desencadeadas por quem na altura a dirigia, o general Garcia dos Santos, e que acabaram, recorde-se, discretamente arrumadas pelo ministro da tutela: o próprio João Cravinho.

Eu bem sei que se trata de um episódio antigo e, sem ser cristão, também sou um adepto da remissão dos pecados e por isso bem posso conceber que João Cravinho, nesta sua nova encarnação anti-corrupta se esteja a penitenciar de alguns pragmatismos excessivos de outrora quando, inspirado talvez no estilo de quem o dirigia no governo, também decidiu… não decidir.

Mas, entre as penitências a que terá de se sujeitar João Cravinho, suspeito que haja uma pergunta, vezes sem conta repetida, que lhe será atirada, numa espécie de decalque daquela que tornou famoso Baptista Bastos e o 25 de Abril, quando estiver a falar dos malefícios da corrupção: Que é que tu fizeste pá, para lutar contra a corrupção, enquanto estiveste no governo?

Que fique este poste como uma espécie de memorando, também uma espécie de prenda da anos, dedicado a João Cravinho, por ocasião do seu aniversário. Para que ele não se esqueça que, no dia em que se defrontar com esquemas de corrupção sérios, em que os envolvidos se sintam seriamente ameaçados, é mais do que provável que, falho de bola se vá ao homem, e que este seu pouco abonatório episódio da JAE virá à tona como forma de procurar desacreditar as suas denúncias…

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