10 setembro 2006

NÃO HÁ RECEITAS PARA DESCOLONIZAÇÕES

Quando, em meados do século passado, três potências europeias se retiraram de três das suas possessões coloniais importantes, episódios esses que ocorreram com um intervalo de seis anos, houve duas dessas potências que deram um tratamento discriminatório (no bom sentido) às minorias religiosas existentes nas suas colónias, criando países independentes para elas, enquanto houve uma delas que escolheu não o fazer.

Identificando-as, percebe-se que, em termos de descolonizações não parecem existir soluções ideais, pois qualquer dos casos e das regiões foram e têm continuado desde aí a ser presenças frequentes nos noticiários internacionais: a França concedeu a independência à Síria e ao Líbano em 1943, o Reino Unido fez o mesmo com a Índia e o Paquistão em 1947 e em 1949 os Países Baixos preferiram manter a Indonésia com a estrutura unificada que havia sido formada nos tempos coloniais.

O Líbano era um território onde, à data de independência, existia uma maioria cristã, distinta da da Síria onde predominava o islamismo, o Paquistão foi formado pelas regiões indianas onde existia uma maioria de população muçulmana, distinta da maioria da da União Indiana, que professava o hinduísmo, e o mesmo poderia ter sido feito na Indonésia, onde, da maioria muçulmana, se destacaria, por exemplo, o arquipélago ocidental das Molucas, onde existia uma maioria cristã.

Actualmente, sobre a Indonésia pende a espada de Dâmocles do separatismo, que se manifesta de diversas formas e em diversos locais, dispensando até a religião quando esta não serve de elemento diferenciador que o exprima. A mesma espada pende, mas por razões diferentes, sobre os países que se individualizaram (Líbano, Paquistão), através das relações contraditórias de atracção e repulsão que mantêm com os (proporcionalmente) grandes vizinhos de que se separaram.

São três casos engraçados que valerá a pena vir a desenvolver individualmente aqui em posts futuros. Mas que, quando comparados, nos ficam de alerta para os revisionismos de direita sobre as descolonizações que poderiam ter sido feitas se… e os revisionismos de esquerda sobre as culpas que os colonizadores carregarão até ao fim da história…

1 comentário:

  1. Más colonizações dão origem a más descolonizações e, como não consta que existam boas colonizações, excepto em territórios sem população autóctone...

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