Fiquem os mais novos a saber que a visão de qualquer das imagens acima no ecrã da nova televisão comprada lá para casa deve ter desencadeado imensas taquicardias de expectativa em muita gente, porque a sua aparição significava que, finalmente, se podia dar o dinheiro dispendido na televisão por bem empregue.
Comprar uma televisão naqueles tempos heróicos e pioneiros, descontando mesmo a proporcionalidade do custo do aparelho, não tinha da simplicidade actual de comprar um em promoção no Jumbo, chegar a casa, ligá-lo à tomada da antena colectiva do prédio e accionar o sintonizador automático.
A instalação dos televisores daquela época era coisa que envolvia pelo menos dois técnicos especializados, uma das maiores especialidades consistindo no alpinismo que era preciso praticar para ir cravar a nossa antena na floresta das suas irmãs existente no telhado do prédio e lançar um cabo por ali abaixo até ao andar do apartamento.
A instalação dos televisores daquela época era coisa que envolvia pelo menos dois técnicos especializados, uma das maiores especialidades consistindo no alpinismo que era preciso praticar para ir cravar a nossa antena na floresta das suas irmãs existente no telhado do prédio e lançar um cabo por ali abaixo até ao andar do apartamento.
No telhado, havia uma espécie de actividade para-cientifica que dava pelo nome de orientação da antena que, quando bem feita, faria com que a imagem e som fossem bem recebidos. Quando a antena estava mal colocada, originava uma coisa que se designava por fantasma, onde os contornos das figuras no ecrã se multiplicavam.
A afinação processava-se, escada acima, escada abaixo, através do testado método da tentativa e erro. Como as emissões só começavam ao entardecer, durante o resto do dia a emissora emitia aquelas figuras com música, designadas por miras técnicas e concebidas para facilitar o ajustamento da imagem e som.
Atingir a nitidez acima inserida era como que o clímax de um processo de longas horas de expectativa que não podia ser satisfeito de imediato porque haveria que ficar a aguardar pelo começo da emissão. E quase toda a gente conhecia o genérico que a RTP emitia ao iniciar as suas emissões…
A afinação processava-se, escada acima, escada abaixo, através do testado método da tentativa e erro. Como as emissões só começavam ao entardecer, durante o resto do dia a emissora emitia aquelas figuras com música, designadas por miras técnicas e concebidas para facilitar o ajustamento da imagem e som.
Atingir a nitidez acima inserida era como que o clímax de um processo de longas horas de expectativa que não podia ser satisfeito de imediato porque haveria que ficar a aguardar pelo começo da emissão. E quase toda a gente conhecia o genérico que a RTP emitia ao iniciar as suas emissões…
É impressionante como parece que estás a fazer um relato de acontecimentos da pré-história! E no entanto, não foi assim há tantos anos...
ResponderEliminarOu já somos assim tão dinossáuricos e ainda não tínhamos dado conta? ;)
Gostei deste post-soft, de recordar fantasmas, teias de cabos e antenas.
ResponderEliminarTambém sabes fazer omoletes sem ovos?
Tininha, estamos apenas ligeiramente pós-datados: ainda dá para recordar e ter a lucidez de considerar o quão rupestre aquilo era...
ResponderEliminarRupestre e a preto e branco, há que não esquecer esse pequenino detalhe :-)
ResponderEliminarNão esquecer um programa que se intercalava sempre entre o Último Jornal e o encerramento da emissão, com bandeira nacional e "Portuguesa", chamado "Meditação"...
ResponderEliminarAs reflexões do senhor padre eram poderosas...