O programa mais antigo de que me recordo na RTP é, indiscutivelmente, o Telejornal. Fosse pela regularidade, pela hora de transmissão (à hora do jantar), pelo silêncio atento que rodeava a sua emissão ou pela gravidade posta pelos locutores (ainda não havia mulheres a fazer telejornais, apenas continuidade e programas recreativos), há que reconhecer que o efeito do conjunto era marcante.
O genérico (à esquerda), pouco imaginativo como a maioria dos genéricos de Telejornal sempre o foram e ainda hoje o são, deixava-me sonhador sobre as artes que faziam um globo terrestre girar assim sem ninguém lhe tocar. A cara do apresentador permanecia sempre severa enquanto lia as notícias segurando uma folha em cima da bancada à qual deitava uma olhadela furtiva, uma vez por outra.
Desconhecedor da existência do teleponto, muito eu admirava a capacidade daqueles adultos por conseguirem ler um texto continuamente apenas com uma mirada enquanto eu, que estava a aprender a ler, nem com o nariz grudado ao texto conseguia chegar de perto do ritmo daqueles profissionais! Depois, as notícias, de quando em vez, eram complementadas por imagens.
Tradicionais e prioritárias na hierarquia da transmissão, eram as visitas e as inaugurações do presidente Américo Thomaz (à direita), invariavelmente fardado de branco no seu uniforme de almirante (um pormenor que lhe favorecia a imagem nesta época da televisão a preto e branco…). Muitas tesouras eu vi o presidente empunhar para cortar a fita, a que se seguia um resumo do seu discurso – necessariamente breve…
Mais para diante, falava-se de guerra, transmitiam-se reportagens de guerra, mas não da nossa, era a do Vietname. Por isso, as impressões mais longínquas que eu tenho de guerras é elas que são para se travar em lugares onde os nomes têm sempre duas ou três sílabas marteladas sem nenhum significado, como acontece com a toponímia vietnamita: Dien Bien Phu, Khe San, Ban Me Thuot, Danang…
O Telejornal terminava com o Boletim Meteorológico que, não fazendo propriamente parte do Telejornal, era indissociável dele. A apresentação era completamente sóbria, os quadros de situação eram de lousa, iguais aos existentes nas escolas, com os contornos de Portugal pintados a branco a que era acrescentada a notação científica – com a rotina, toda a agente aprendeu a associar o A ao bom tempo e o B a chuva!
O genérico (à esquerda), pouco imaginativo como a maioria dos genéricos de Telejornal sempre o foram e ainda hoje o são, deixava-me sonhador sobre as artes que faziam um globo terrestre girar assim sem ninguém lhe tocar. A cara do apresentador permanecia sempre severa enquanto lia as notícias segurando uma folha em cima da bancada à qual deitava uma olhadela furtiva, uma vez por outra.
Desconhecedor da existência do teleponto, muito eu admirava a capacidade daqueles adultos por conseguirem ler um texto continuamente apenas com uma mirada enquanto eu, que estava a aprender a ler, nem com o nariz grudado ao texto conseguia chegar de perto do ritmo daqueles profissionais! Depois, as notícias, de quando em vez, eram complementadas por imagens.
Tradicionais e prioritárias na hierarquia da transmissão, eram as visitas e as inaugurações do presidente Américo Thomaz (à direita), invariavelmente fardado de branco no seu uniforme de almirante (um pormenor que lhe favorecia a imagem nesta época da televisão a preto e branco…). Muitas tesouras eu vi o presidente empunhar para cortar a fita, a que se seguia um resumo do seu discurso – necessariamente breve…
Mais para diante, falava-se de guerra, transmitiam-se reportagens de guerra, mas não da nossa, era a do Vietname. Por isso, as impressões mais longínquas que eu tenho de guerras é elas que são para se travar em lugares onde os nomes têm sempre duas ou três sílabas marteladas sem nenhum significado, como acontece com a toponímia vietnamita: Dien Bien Phu, Khe San, Ban Me Thuot, Danang…
O Telejornal terminava com o Boletim Meteorológico que, não fazendo propriamente parte do Telejornal, era indissociável dele. A apresentação era completamente sóbria, os quadros de situação eram de lousa, iguais aos existentes nas escolas, com os contornos de Portugal pintados a branco a que era acrescentada a notação científica – com a rotina, toda a agente aprendeu a associar o A ao bom tempo e o B a chuva!
E os discursos do presidente Américo Tomaz que eram invariavelmente os mesmos? Isto é, se trocássemos os nomes das terras que ele visitava, as inaugurações que fazia, era tudo igual...
ResponderEliminarNão é verdade!
ResponderEliminarHouve uma razão expressa para eu mencionar as tesouras:
- a tesoura,
- a almofadinha onde vinha a tesoura,
- o menino/a que traziam essa almofadinha
eram sempre diferentes!
Além disso, além da farda do presidente ser sempre a mesma, os chapéus de D. Gertrudes Thomaz - a primeira dama - eram sempre de um formato... muito assertivo e muito variados...