23 agosto 2006

QUEM SEMEIA VENTOS…

Não tenho condições para duvidar da seriedade das causas evocadas pelo movimento Greenpeace. Contudo, tenho pouca simpatia pelas formas espectaculares – devidamente apropriadas para a cobertura mediática – como a organização lhes dá relevo.

Escolhem-se acções que são de um pacifismo aparente, mas que acabam por se vir a revelar extremamente violentas quando se procura neutralizá-las, e tudo isso acontece para benefício das imagens televisivas – os activistas amarram-se a comboios que transportam material radioactivo, abordam baleeiros em alto mar ou perturbam as suas actividades de caça, etc.

Também se afigura muita incómoda a geografia das várias causas que a organização pretende defender, onde é patente uma cobertura verdadeiramente mundial (França, Japão, Brasil, Canadá, Alemanha, etc.), apenas com a única ressalva de não haver qualquer causa de vulto que esteja relacionada com interesses dos Estados Unidos… E custa-me a acreditar que não exista nenhuma causa relevante no país responsável (dados da ONU) por 20 a 25% da poluição mundial.

Em suma, já se percebeu que a organização não me é simpática. E é com um certo sorriso de troça irónica que os vejo incomodados pelos pescadores de atum franceses, recorrendo precisamente aos mesmos métodos que o Greenpeace ajudou a difundir:

Em vez de ser o Rainbow-Warrior II (um dos barcos da organização) a perturbar os atuneiros na pesca do atum, calhou a vez de passar na televisão os atuneiros a bloquearem o Rainbow-Warrior II para o impedir de acostar a Marselha…

Se for pelos métodos empregues, nada os distingue e estão muito bem uns para os outros!

3 comentários:

  1. Quem sabe se não foi apenas um acto benemérito? Se os franceses foram tão longe para afundar o outro barco, ter aquele ali à mão, ancorado no porto...

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  2. Os franceses têm razões para não gostar dos Rainbow Warrior, qualquer que seja o seu cardinal...

    Mas é preferível abordá-lo do que afundá-lo...

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  3. A última frase faz sentido mas, na língua francesa, entre "aborder" e "saborder" a diferença não é muito grande! Mais "s" menos "s"...

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