O Hezbollah, que tanto se tem esmerado na forma como tem gerido a imagem de si que passa para o exterior, destas vez cometeu ou deixou cometer o erro de apupar o Secretário-Geral da ONU, Kofi Annam, quando este estava de visita a Beirute. A contagem de opiniões que nos permite atribuir ao Hezbollah a vitória junto da opinião pública depois do conflito recente não é feita das que são expressas por aqueles que são desesperadamente indefectíveis de um dos lados ou do outro. Esses têm a seriedade de parecerem estar sentados nas bancadas de um estádio de futebol quando já desenvolveram uma espécie de autismo que só os deixa ver os erros do adversário (e do árbitro).
Mas, para os que ficaram no centro, que normalmente concluem o que concluem baseados nos dados escassos a que prestam atenção (imagens, pequenos trechos de discursos), e que haviam sido tocados pelas imagens de sofrimento da parte libanesa, é eloquente a ingratidão expressa pela visão de um pequeno trecho de imagens em que uma multidão é visual e audivelmente hostil e ainda ameaçadora para com um dos maiores responsáveis internacionais que teve a atenção (rara) de os vir visitar. Não sei se os serviços secretos israelitas não colaboraram no evento mas, se não o fizeram, não o desdenhariam ter feito.
O destino do Médio Oriente não está dependente do timbre dos assobios, nem a maior ou menor simpatia das opiniões públicas ocidentais terão um efeito imediato na actuação dos seus governos quanto à resolução do mesmo. Mas, talvez por estarem destreinados por não possuírem um governo (a sério) há muito tempo, estes libaneses parecem ter esquecido uma das lições elementares que um habitante de um bairro de barracas de um país ocidental conhece de ginjeira: convém não vaiar o governante que faz uma visita televisionada ao seu bairro porque diminui exponencialmente a possibilidade de vir a receber uma casinha de habitação social…
Mas, para os que ficaram no centro, que normalmente concluem o que concluem baseados nos dados escassos a que prestam atenção (imagens, pequenos trechos de discursos), e que haviam sido tocados pelas imagens de sofrimento da parte libanesa, é eloquente a ingratidão expressa pela visão de um pequeno trecho de imagens em que uma multidão é visual e audivelmente hostil e ainda ameaçadora para com um dos maiores responsáveis internacionais que teve a atenção (rara) de os vir visitar. Não sei se os serviços secretos israelitas não colaboraram no evento mas, se não o fizeram, não o desdenhariam ter feito.
O destino do Médio Oriente não está dependente do timbre dos assobios, nem a maior ou menor simpatia das opiniões públicas ocidentais terão um efeito imediato na actuação dos seus governos quanto à resolução do mesmo. Mas, talvez por estarem destreinados por não possuírem um governo (a sério) há muito tempo, estes libaneses parecem ter esquecido uma das lições elementares que um habitante de um bairro de barracas de um país ocidental conhece de ginjeira: convém não vaiar o governante que faz uma visita televisionada ao seu bairro porque diminui exponencialmente a possibilidade de vir a receber uma casinha de habitação social…
Digamos que a "orquestra", que tocou para o secretário-geral da ONU, tem um "maestro" surdo, o que não é inédito na região!!!
ResponderEliminarSe eu bem entendi, os do meio são os que decidem a opinião que têm sobre uma determinada matéria por causa de imagens tcantes ou de apupos. Os fanáticos serão os que se informam, lêm sobre a matéria e formam uma opinião baseada m elemntos que, podento estar errados, são racionais. O elogio ao «meio» já chegou a um ponto que ter opinião clara e não epiderme sobre um assunto é criticavel.
ResponderEliminarDigamos que o Libano não é uma questão que tenha começado anteontem. Pode até não se saber que opinião se tem - é a coisa mais normal do Mundo - mas que não seha por falta de informação.
Lamento, mas creio que do texto não se pode extrair que eu estabeleci qualquer correlação entre a profundidade com que se conhece um qualquer assunto e a opinião (moderada ou radical) que sobre ele se tenha.
ResponderEliminarO que se pode extrair, embora não esteja expresso, é que a posse de um conhecimento aprofundado sobre esse assunto qualquer não é, só por si, sinónimo de uma visão que considere equilibrada sobre ele. E citei-o (e linkei-o) a si e a José Pacheco Pereira exemplificando aquilo que considero como exemplos antagónicos desse desequilíbrio, no caso do problema israelo-libanês.
Os fundamentos em que assenta qualquer análise podê-la-ão condicionar, apesar do domínio da matéria. É o que, na minha opinião, acontece, por exemplo, com o Papa. E é o que acontece convosco. Perdoar-me-á porque poderá até ter acontecido, mas não me lembro de o ler e vê-lo dar alguma vez razão a Israel. E com Pacheco Pereira acontece precisamente o oposto. E o interesse nas vossas opiniões sobre certos assuntos ressente-se com isso, naturalmente.
Coisa outra é reconhecer o óbvio: que a esmagadora maioria das pessoas têm um interesse muito mitigado (quando o têm) sobre os problemas do Médio Oriente. É uma constatação aritmética. E por serem essa maioria é que os esforços de propaganda – normalmente de uma simplicidade quase infantil – lhes são dirigidos.
Exemplos? Quem esteja atento aos acontecimentos não se contenta com a queixa de Israel que lhe estão a bombardear a sua cidade mais tolerante. O que é que se entende por cidade tolerante? Ou que o Hezbollah está a ajudar a reconstrução do Líbano. Como é que um punhado de dólares nas mãos de um entusiasta para alugar uma casa poderá contribuir para essa reconstrução?
Não é edificante mas é a propaganda usada pelos dois lados. Se estivessem preocupados consigo e com todos os que se consideram bens informados concordará que não lhes tentariam impingir estas “histórias da carochinha”…
Já critiquei, vezes sem conta, os dirigentes árabes, os dirigentes palestinianos e o Hezbollah. Elogiei Israeel no texto recente que escrevi no blogue sobre o Libano, em relação ao nascimento daquela pátria. Defendi Israel quando foi aquela estúpida polémica a propósito de um atleta ter legitimamente transportado a bandeira israelita. Claro que são pormenores. Sou em geral critico da política israelita e é normal, nisso terá razão, que estando em polémica seja esse lado mais critico que apareça. Mas acho que em polémica isso acontece com todos. Até com os do «meio» que gastam grande parte do seu tempo a criticar os «radicalismos» para mostrar como são moderaods. É a vida.
ResponderEliminarNão sou juiz nem diplomata. Se tenho uma posição tento expo-la. Haverá por vezes propaganda à mistura em qualquer debate quente. Aceito. Mas penso que escrevi (ver o meu blogue, especialmente o texto mais longo que escrevi sobre o assunto) um pouco mais do que isso.
Obviamente, não li tudo o que escreveu sobre Israel, mesmo as considerações mais moderadas que produziu quando, utilizando a sua expressão, não está em polémica. Assumir que estar em polémica acentua o extremismo de todos é que é mais polémico…
ResponderEliminarTodos, incluindo aqueles que qualifica como “do meio” – e eu julgo não me considerar nesse “meio” – podem definir as suas opiniões sem necessidade de vincar as suas distinções em relação às que estão nos extremos. Em polémica ou não. Polémica é uma questão de estilo que não deve alterar a substância da opinião que se tem.
Na minha perspectiva, o tratamento que se pode dar às opiniões mais extremadas, tem semelhanças com o que, em estatística, por vezes se usa para evitar efeitos de distorção no cálculo das médias: dispensa-se o valor mais extremo de cada um dos lados…