Estes três versos lamechas com que termina um dos mais famosos fados portugueses, é uma síntese feliz do discurso tristonho e bisonho com que a comunicação social gosta de acenar, cúmplice, ao seu leitor, ouvinte ou espectador.
Há-de haver quem me censure eu estar sempre a implicar com o caramelo que escolhe os títulos para as capas do Público, mas há que reconhecer que, então à Sexta-Feira, com a concorrência do Inimigo Público, aquela rapaziada parece mesmo que descarrila.
Talvez por sermos um país que está na cauda da Europa, parece existir no nosso jornalismo uma propensão para valorizar mais as questões que se lhes apresentam de cu, o que levou ao destaque do tema das poedeiras e a este título:
Há-de haver quem me censure eu estar sempre a implicar com o caramelo que escolhe os títulos para as capas do Público, mas há que reconhecer que, então à Sexta-Feira, com a concorrência do Inimigo Público, aquela rapaziada parece mesmo que descarrila.
Talvez por sermos um país que está na cauda da Europa, parece existir no nosso jornalismo uma propensão para valorizar mais as questões que se lhes apresentam de cu, o que levou ao destaque do tema das poedeiras e a este título:
Aterrador! Já não basta sabermos que os nossos parlamentares, professores, farmacêuticos, magistrados, bombeiros, jornalistas (estes não aparecem nas notícias, é apenas uma suspeita minha…) são da pior qualidade que há na Europa, agora sabe-se que até as nossas galinhas poedeiras são umas badalhocas? E atenção, não são galinhas quaisquer, mas o seu corpo de elite, o das poedeiras?
Dá vontade de especular sobre qual seria o outro país europeu onde um jornal de grande circulação daria assim um destaque de primeira notícia à (falta de) higiene da elite das suas galinhas… Talvez a Bielorrússia, onde, por causa da radioactividade de Tchernobyl, os ovos talvez brilhem no escuro e substituam as lâmpadas em emergências …
Lido o desenvolvimento da notícia, ficamos mais descansados quando o director da ASAE (Autoridade para a Segurança Alimentar e Económica) nos informa que “não existe um problema de saúde pública ou de segurança alimentar”. A notícia deixar-me-ia muito mais descansado se o jornalista tivesse acrescentado: foram as suas palavras enquanto comia uma omelete mista.
É curioso que nos países inspeccionados haja simultaneamente países porquíssimos (Rep. Checa, Portugal, Polónia, Espanha, Lituânia) todos com taxas de infecção acima dos 50% e países limpíssimos (Chipre, Irlanda, Letónia, Luxemburgo e Suécia) onde a taxa é de 0%.
Faz recordar o episódio da incidência da doença das vacas loucas que, surgido em Portugal continental, nunca apareceu na Espanha nem na Alemanha, até que uma vaca oriunda deste último país apareceu com a doença nos Açores, onde não a podia ter apanhado… Depois demitiu-se o ministro alemão da agricultura para que se mantivesse a ficção…
Mas o pior de tudo foi descobrir que as verificações da presença das salmonelas se faziam através da caca da galinha. É triste, sendo nós, pelos vistos e como os jornais gostam de nos transmitir, um país de caca, até na caca não conseguimos cumprir as regras mínimas de higiene…
Será que as nossas poedeiras sabem que estão quase a entrar para o Guiness?
ResponderEliminarNem as galinhas se safam da febre dos recordes, safa!
Um texto de antologia. O último parágrafo então...
ResponderEliminarAbsolutamente hilariante!
ResponderEliminarAgradeço os cumprimentos da Marta, do Torquato e da Sofia mas tenho que endossar uma boa parte deles para os elementos do Público responsáveis pela notícia original.
ResponderEliminarPara mim, é uma questão de postura!
Este texto é realmente o máximo! Não fazia ideia nenhuma que a análise se fazia recorrendo às fezes...:) Nem o porte altivo das galinhas as safa...lol
ResponderEliminar