09 junho 2006

A ÚNICA CONSPIRAÇÃO QUE NÃO FOI TEÓRICA

É sempre simpático ver reconhecer pela comunicação social tradicional as competências de um colega de blogosfera como aconteceu ontem com Paulo Gorjão no jornal da meia-noite da SIC Notícias. É saudável ver um indício de renovação dos comentadores num país que está sempre tão agarrado nisto, como noutras coisas, às tradições.

Um pormenor que vale a pena destacar é que discordo de cerca de 30 a 40% das conclusões que Paulo Gorjão apresentou. Só para dar um pequeno exemplo, as conspirações existem mesmo e são para permanecer teóricas para os observadores externos, se forem montadas por serviços de informações competentes, preocupados em não deixarem provas tangíveis, apenas ficam as circunstanciais. Por isso se torna forçado tentar minimizar a sua existência recorrendo à expressão depreciativa Teoria da Conspiração.

Desvalorizar sucessiva e metodicamente as provas circunstanciais que tem aparecido em relação ao envolvimento da Austrália no assunto Timor está no direito de cada um, embora seja uma atitude que possa ter a consequência de fragilizar todo o resto da sua argumentação, para quemo está a escutar. Paulo Gorjão habituou-nos a ser tão arguto em assuntos de política interna e depois parece tornar-se tão obnóxio neste assunto específico de política externa.

Ou será que a última conspiração que houve por aquelas paragens foi em 1985, quando os serviços secretos franceses afundaram o navio Rainbow Warrior do movimento Greenpeace e os agentes responsáveis pelo afundamento vieram a ser capturados pelos serviços de contra-espionagem neozelandeses? Só há conspirações com flagrante delito? Tivesse Lawrence da Arábia sido mais discreto e nada se poderia provar contra os britânicos na 1ª Guerra Mundial?

Há diversos patamares de debate deste assunto. A análise da situação actual, a pertinência da intervenção portuguesa, a forma como está a ser conduzida, as perspectivas da posição portuguesa naquelas paragens a médio e a longo prazo. Começando a divergir logo no primeiro fico com a sensação que a convergência de opiniões nos seguintes que possa ter com Paulo Gorjão (que existe), até podem não ter passado de uma mera coincidência.

Sem comentários:

Enviar um comentário