(Era para ser uma adenda a um poste anterior, mas a coisa esticou-se.)
Ouvi as explicações da parte de Patrick Monteiro de Barros que, corrigindo alguma candura excessiva da versão governamental, não alteraram a minha opinião global sobre o assunto da refinaria de Sines. Aliás, é surpreendente como a sofisticação dos esquemas para enrolar outrem parece não crescer na proporção directa dos milhões que se diz movimentar.
Um dos exemplos mais grosseiros de um esquema na exposição de ontem de Monteiro de Barros foi a fixação de uma data limite para o governo decidir, tentando coagi-lo, com a mesma técnica daqueles vendedores chungas de carros usados: "Oh meu amigo, eu consigo reservar-lhe o carro, mas tem de me dar uma resposta até amanhã, porque estes modelos têm muita saída..."
E não nos esqueçamos que aquela outra história da central nuclear é como a do tipo que nos bate à porta, do Círculo de Leitores ou da Oni, para nos alertar para as vantagens de comprar um produto, de que nós nem sequer sabíamos da existência. Ou seja, o indivíduo, além do produto, vende-nos a sua presciência, e nós nem precisamos de sair de casa... É de amigo...
Num país que tem um presidente de clube a fingir que é dirigente desportivo (Pinto da Costa), que já teve um primeiro-ministro a fingir que era dirigente político (Pedro Santana Lopes), para além de uma alegre colecção de outros faz-de-conta, só lhe faz mesmo falta vir a ter uma pessoa como Patrick Monteiro de Barros a fingir que é dirigente de grandes empresas.
Sem comentários:
Enviar um comentário