Uma prova comprovada que existe uma certa franja da Espanha conservadora para a qual lhe escapa completamente a delicadeza com que se está a negociar actualmente os equilíbrios para a Espanha da próxima geração, encontra-se num episódio em que um general, o ex-chefe de estado maior do exército espanhol, Alfonso Pardo, numa cerimónia trivial, fez um brinde ao Rei, como garante da unidade de Espanha.
A poucos dias de um referendo na Catalunha (que decorre hoje, domingo, dia 18) sobre o seu estatuto autonómico, só um cidadão espanhol desesperadamente obtuso (deixo de parte a questão sobre quais terão sido os critérios que levaram este general ao posto de chefe de estado maior do exército…) se poria a invocar o Rei e uma certa concepção de unidade espanhola numa cerimónia que se desenrolava numa unidade militar.
Adorando sentir-se prestáveis, parece que as velhas e altas patentes militares do estado vizinho ainda não compreenderam em que tabuleiros políticos se estão a disputar as distribuições de poderes entre o centro castelhano e Madrid, por um lado, e as periferias industrializadas de Espanha e as suas capitais respectivas, por outro, para o futuro próximo.
Certamente que as imagens de um punhado de tanques passeando-se pelas ruas de um desses centros urbanos periféricos de Espanha não trariam, consideradas todos os intervenientes afectados, substanciais vantagens para as posições do poder madrileno, qualquer que ele fosse, por muito que os altos comandos militares queiram pensar o contrário.
Regressando ao velho lema franquista, que eu gosto muito de citar – España, una, grande y libre – e esquecendo a grandeza que fica lá bem, mas já desapareceu desde o século XVII, qualquer espanhol que pense acaba por interiorizar que no seu país tem que existir um equilíbrio entre a unidade e a liberdade. A Espanha franquista era muito una, mas de liberdade estávamos conversados; esta Espanha moderna, se se quiser livre, tem que abrir mão de tanta unidade, por muito que isso aborreça o general Pardo e Mariano Rajoy*.
Perante esta descrição, se ainda consideramos existir o perigo de Portugal ser atraído para este edifício em equilíbrio precário que se chama Espanha, a culpa terá de ser atribuída maioritariamente a uma deficiência nossa…
A poucos dias de um referendo na Catalunha (que decorre hoje, domingo, dia 18) sobre o seu estatuto autonómico, só um cidadão espanhol desesperadamente obtuso (deixo de parte a questão sobre quais terão sido os critérios que levaram este general ao posto de chefe de estado maior do exército…) se poria a invocar o Rei e uma certa concepção de unidade espanhola numa cerimónia que se desenrolava numa unidade militar.
Adorando sentir-se prestáveis, parece que as velhas e altas patentes militares do estado vizinho ainda não compreenderam em que tabuleiros políticos se estão a disputar as distribuições de poderes entre o centro castelhano e Madrid, por um lado, e as periferias industrializadas de Espanha e as suas capitais respectivas, por outro, para o futuro próximo.
Certamente que as imagens de um punhado de tanques passeando-se pelas ruas de um desses centros urbanos periféricos de Espanha não trariam, consideradas todos os intervenientes afectados, substanciais vantagens para as posições do poder madrileno, qualquer que ele fosse, por muito que os altos comandos militares queiram pensar o contrário.
Regressando ao velho lema franquista, que eu gosto muito de citar – España, una, grande y libre – e esquecendo a grandeza que fica lá bem, mas já desapareceu desde o século XVII, qualquer espanhol que pense acaba por interiorizar que no seu país tem que existir um equilíbrio entre a unidade e a liberdade. A Espanha franquista era muito una, mas de liberdade estávamos conversados; esta Espanha moderna, se se quiser livre, tem que abrir mão de tanta unidade, por muito que isso aborreça o general Pardo e Mariano Rajoy*.
Perante esta descrição, se ainda consideramos existir o perigo de Portugal ser atraído para este edifício em equilíbrio precário que se chama Espanha, a culpa terá de ser atribuída maioritariamente a uma deficiência nossa…
* Dirigente do Partido Popular, principal partido da oposição.
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