Convém explicar que o senhor que aqui aparece nesta fotografia se chama Moshe Dayan, era Ministro da Defesa de Israel em 1967, por altura da Guerra dos Seis Dias, quando, no Ocidente, era muito mais popular ser israelita do que árabe e só uns eruditos é que percebiam essa subtileza de ser palestiniano.
A figura de Dayan tinha muita saída (tanta quanto a de Che Guevara noutras paragens) porque um capacete não era ornamento que se costumasse ver na cabeça de ministros, nem mesmo da defesa, a que se juntava aquela pala no olho esquerdo* que lhe trazia um charme inconfundível, num homem a quem até não se podia acusar de, militarmente, ter vistas curtas.
Lembrei-me de alguém assim como Dayan, muito arguto mas que só vê de um olho, quando me deliciei a ouvir as explicações preparatórias do Ministro Teixeira dos Santos a propósito das razões pelas quais não se poderão vir a cumprir os objectivos para o défice orçamental para 2006 de 4,6%.
Passando adiante os encómios que, na cerimónia da sua recondução, Vítor Constâncio se excedeu em dirigir ao governo, deve ter sido por causa disso que o ambiente se afigurava propício às explicações mais ousadas, como a de que a execução orçamental do lado da despesa está a ser cumprida. Deve ser o olho bom de Teixeira dos Santos.
O que fiquei por ouvir foi como estava a correr a execução orçamental do lado das receitas. Possivelmente este é o olho de Teixeira dos Santos que tem a pala. Tenho a certeza que o Ministro está consciente que há por aí quem saiba que ele tanto é responsável pelo orçamento das despesas como pelo das receitas e que o valor do défice se calculará no fim subtraindo as primeiras às segundas.
É que nem toda a gente parece estar tão embevecida com a prestação governamental como este Governador do Banco de Portugal, hoje reconduzido. Constâncio bem pode afirmar que se indicia um processo de verdadeira consolidação orçamental. Também suspeito que haja indícios que o Governador já ande a exorbitar as suas funções.
* Segundo a versão oficial, o incidente que causara a Dayan a perda do olho também danificara de tal forma a sua órbita que impedia o uso de uma prótese ocular – um olho de vidro.
A figura de Dayan tinha muita saída (tanta quanto a de Che Guevara noutras paragens) porque um capacete não era ornamento que se costumasse ver na cabeça de ministros, nem mesmo da defesa, a que se juntava aquela pala no olho esquerdo* que lhe trazia um charme inconfundível, num homem a quem até não se podia acusar de, militarmente, ter vistas curtas.
Lembrei-me de alguém assim como Dayan, muito arguto mas que só vê de um olho, quando me deliciei a ouvir as explicações preparatórias do Ministro Teixeira dos Santos a propósito das razões pelas quais não se poderão vir a cumprir os objectivos para o défice orçamental para 2006 de 4,6%.
Passando adiante os encómios que, na cerimónia da sua recondução, Vítor Constâncio se excedeu em dirigir ao governo, deve ter sido por causa disso que o ambiente se afigurava propício às explicações mais ousadas, como a de que a execução orçamental do lado da despesa está a ser cumprida. Deve ser o olho bom de Teixeira dos Santos.
O que fiquei por ouvir foi como estava a correr a execução orçamental do lado das receitas. Possivelmente este é o olho de Teixeira dos Santos que tem a pala. Tenho a certeza que o Ministro está consciente que há por aí quem saiba que ele tanto é responsável pelo orçamento das despesas como pelo das receitas e que o valor do défice se calculará no fim subtraindo as primeiras às segundas.
É que nem toda a gente parece estar tão embevecida com a prestação governamental como este Governador do Banco de Portugal, hoje reconduzido. Constâncio bem pode afirmar que se indicia um processo de verdadeira consolidação orçamental. Também suspeito que haja indícios que o Governador já ande a exorbitar as suas funções.
* Segundo a versão oficial, o incidente que causara a Dayan a perda do olho também danificara de tal forma a sua órbita que impedia o uso de uma prótese ocular – um olho de vidro.
Não é, António Cagica, e aí é que mora o perigo! - como se diria no Brasil.
ResponderEliminarO cálculo das receitas parte de pressupostos que às vezes não se cumprem.
Por exemplo, as estimativas de receitas do ISP (imposto sobre produtos petrolíferos - aquele que transforma a gasolina 4 a 5 vezes mais cara do que o preço do que ela sai à saída da refinaria) partem do pressuposto que a procura de combustiveis é inelástica.
Tradução do palavrão procura inelástica: quando o preço da gasolina aumenta 10%, o consumo de gasolina diminui menos de 10%. Mas, às vezes, em situações de crise, o consumo de gasolina começa a ser considerado um supérfluo e a reduzir-se sem obedecer a esse comportamento.
Em síntese, há muitas componentes da estimativa da receita de um orçamento que são feitas por pifometria - embora embrulhadas numa nomenclatura sofisticada.