Numa daquelas histórias curtas que se pretendem cómicas mas com moral, um veterano resolve praxar um cadete de marinha:
- Imagine o senhor que pretende manter o seu navio estável e imobilizado e que começa a surgir-lhe ondulação forte pela proa. Que faz?
- Lanço uma âncora.
- Muito bem. Suponha agora que começa também a sentir ondulação forte da popa. Como reage?
- Lanço outra âncora.
- Admita agora que também se começa a sentir ondulação forte de estibordo. Que fará então?
- Lanço mais uma âncora.
- Espere aí! Isso já são âncoras a mais! Onde é que o senhor está à espera de arranjar tanta âncora?
- No mesmo sítio onde o senhor arranjou todas essas ondulações fortes…
Discutir os assuntos politicamente pode, às vezes, permitir criar problemas e soluções teóricas, como a desta história, o que é preciso é que haja imaginação. Só que, outras vezes, os problemas são bem concretos e as soluções teóricas, por muito bem que soem ou que apareçam redigidas, não têm qualquer aplicabilidade.
Acumulam-se as indicações que a Coreia do Norte se prepara para realizar ensaios com um modelo novo dos seus mísseis que, segundo os especialistas, poderá eventualmente atingir território norte-americano.
É evidente que não são notícias que agradem aos norte-americanos. Entre eles há até quem preconize que os Estados Unidos devem atacar e destruir os locais onde se está a desenvolver o programa norte-coreano de investigação, como se escreve aqui no jornal Washington Post. É um artigo muito interessante não fora a afectação de recursos militares para acautelar as eventuais retaliações da Coreia do Norte.
Concretizar este tipo de ameaças e ao contrário das âncoras infinitas do cadete da nossa história, afigura-se muito difícil, senão impossível, quando a capacidade dos Estados Unidos se engajarem em potenciais conflitos noutras partes do globo se encontra actualmente hipotecada pelos envolvimentos presentes no Iraque e no Afeganistão.
Há quem atribua à retórica dos neo-conservadores norte-americanos uma boa parte das responsabilidades pela fragilidade da actual posição estratégica global do seu país. Mas também parece terem-se atingido os limites materiais para qualquer outro tipo de retórica* porque as capacidades americanas parecem estar no limite. E todos os intervenientes mais directos na questão norte-coreana parecem saber isso.
- Imagine o senhor que pretende manter o seu navio estável e imobilizado e que começa a surgir-lhe ondulação forte pela proa. Que faz?
- Lanço uma âncora.
- Muito bem. Suponha agora que começa também a sentir ondulação forte da popa. Como reage?
- Lanço outra âncora.
- Admita agora que também se começa a sentir ondulação forte de estibordo. Que fará então?
- Lanço mais uma âncora.
- Espere aí! Isso já são âncoras a mais! Onde é que o senhor está à espera de arranjar tanta âncora?
- No mesmo sítio onde o senhor arranjou todas essas ondulações fortes…
Discutir os assuntos politicamente pode, às vezes, permitir criar problemas e soluções teóricas, como a desta história, o que é preciso é que haja imaginação. Só que, outras vezes, os problemas são bem concretos e as soluções teóricas, por muito bem que soem ou que apareçam redigidas, não têm qualquer aplicabilidade.
Acumulam-se as indicações que a Coreia do Norte se prepara para realizar ensaios com um modelo novo dos seus mísseis que, segundo os especialistas, poderá eventualmente atingir território norte-americano.
É evidente que não são notícias que agradem aos norte-americanos. Entre eles há até quem preconize que os Estados Unidos devem atacar e destruir os locais onde se está a desenvolver o programa norte-coreano de investigação, como se escreve aqui no jornal Washington Post. É um artigo muito interessante não fora a afectação de recursos militares para acautelar as eventuais retaliações da Coreia do Norte.
Concretizar este tipo de ameaças e ao contrário das âncoras infinitas do cadete da nossa história, afigura-se muito difícil, senão impossível, quando a capacidade dos Estados Unidos se engajarem em potenciais conflitos noutras partes do globo se encontra actualmente hipotecada pelos envolvimentos presentes no Iraque e no Afeganistão.
Há quem atribua à retórica dos neo-conservadores norte-americanos uma boa parte das responsabilidades pela fragilidade da actual posição estratégica global do seu país. Mas também parece terem-se atingido os limites materiais para qualquer outro tipo de retórica* porque as capacidades americanas parecem estar no limite. E todos os intervenientes mais directos na questão norte-coreana parecem saber isso.
Ou, inserindo-nos no moral da história daquele cadete, não vale a pena anunciar que se lança mais uma âncora, quando toda a gente sabe que já não há mais âncoras para lançar...
* Os autores do artigo do Washington Post pertenceram à administração Clinton.
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