Por falar em canalizadores (ver poste anterior), em O Pátio das Cantigas, de Ribeirinho (1942), havia um, o Narciso, interpretado por Vasco Santana, que, além de viúvo e sócio do filho, o Rufino (Ribeirinho), na Leitaria Estrela d´Alva, era um borrachão compulsivo por culpa de um desgosto de amor antigo – uma rejeição da D. Rosa, florista na Praça da Figueira.
Quando estava grosso – o que acontecia com muita frequência – o Narciso tornava-se grandiloquente como ninguém, embora, senhor de uma certa modéstia, quando o discurso lhe estivesse a sair particularmente acertado o interrompesse amiúde, perguntando em voz alta aos seus botões: mas onde é que eu já ouvi isto?
Lembrei-me desta pergunta do Narciso ao ler este post do Sesimbra e Ventos, a respeito das competências gramaticais de quem escreve num jornal daquela localidade chamado Sesimbr´acontece. Até aqui, nada de especial, só quem escreve sabe como, por vezes, pode ser dramática a relação com as regras de acentuação. Embora estes correctores automáticos se tenham tornado em auxiliares preciosos contra as dúvidas e distracções.
Mas começa a ser mais curioso quando verificamos – a fazer fé no mesmo poste – a coexistência de palavras como “obrigatòriamente” com locuções do mais fino recorte literário como “biótopo piscícola” – duas palavras esdrúxulas consecutivas e até devidamente acentuadas. Ena! Não é caso para pegar na deixa do Narciso e fazer nossa a pergunta dele: mas onde é que eles foram arranjar aquilo?
Quando estava grosso – o que acontecia com muita frequência – o Narciso tornava-se grandiloquente como ninguém, embora, senhor de uma certa modéstia, quando o discurso lhe estivesse a sair particularmente acertado o interrompesse amiúde, perguntando em voz alta aos seus botões: mas onde é que eu já ouvi isto?
Lembrei-me desta pergunta do Narciso ao ler este post do Sesimbra e Ventos, a respeito das competências gramaticais de quem escreve num jornal daquela localidade chamado Sesimbr´acontece. Até aqui, nada de especial, só quem escreve sabe como, por vezes, pode ser dramática a relação com as regras de acentuação. Embora estes correctores automáticos se tenham tornado em auxiliares preciosos contra as dúvidas e distracções.
Mas começa a ser mais curioso quando verificamos – a fazer fé no mesmo poste – a coexistência de palavras como “obrigatòriamente” com locuções do mais fino recorte literário como “biótopo piscícola” – duas palavras esdrúxulas consecutivas e até devidamente acentuadas. Ena! Não é caso para pegar na deixa do Narciso e fazer nossa a pergunta dele: mas onde é que eles foram arranjar aquilo?
Deve ser influência do nome, Narciso, que leva algumas pessoas a copiar de uma qualquer enciclopédia ou revista técnica duas ou três palavras eruditas e pronto, está o dia ganho, julgam que fazem um figurão.
ResponderEliminarO pior é a "rúbrica", o rápido "demais", o "prèviamente", etc.
Talvez recorrendo a Fundos Comunitários,a Câmara pudesse reabrir a escola de adultos, à noite, para ensinar a ler quem assim escreve.
E tem aquela Câmara uma assessora de Imprensa, jornalista profissional...