31 janeiro 2007

OS CAGÕES

Confesso que retiro um certo prazer perverso – e, além de mim, desconfio que o mesmo acontece com uma esmagadora proporção de portugueses – quando alguém que é conhecido pela sua atitude arrogante – vulgo, um cagão! – passa por um daqueles espectaculares fiascos, especialmente quando isso acontece depois de ter anunciado previa e pomposamente o seu sucesso.

Ressalve-se aqui que há cagões que merecem o nosso respeito, porque, uma vez cagões, são cagões até ao fim, veja-se o exemplo de alguns aristocratas que assim subiram o patíbulo quando foram executados na guilhotina durante a Revolução Francesa*. Mas, são casos raros porque, na maioria das vezes, é bem mais fácil ser-se cagão, pode-se sê-lo sem se tornar necessário empenhar a própria vida.

E, embora a guerra de audiências de jornais seja um tópico a analisar continuamente, com a frieza de uma corrida de fundo, guardando os prognósticos para o fim**, a verdade é que os dados de audiência hoje anunciados (7,5% para o Expresso e 2,8% para O Sol) permitem concluir, para já e com segurança, que os portugueses afinal não estariam assim tão sedentos e ansiosos pelas profundas análises políticas do Arquitecto Saraiva conforme ele pensaria e anunciava…

Mais do que isso, agora que os semanários parecem estar a perder-se da vanguarda da discussão política em Portugal, como que se descobre na sociologia dos seus leitores uma espécie de fidelidade inerte de adepto de futebol: só interessa a cor da camisola, já nem interessa o nome do jogador. Que melão para o Arquitecto Saraiva que deve ter passado estes anos todos a pensar-se uma vedeta, um Luís Figo do jornalismo!...

*Parece não ter sido o caso de Luís XVI.
** Para quando a paciência dos investidores se esgota.

6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderEliminar
  2. O Arquitecto Saraiva, além de ser "cagão" acha que o mundo é um enorme espelho para que ele se possa observar e admirar a toda a hora!

    ResponderEliminar
  3. Estava, como dizem os brasileiros, “na cara!”.

    Saraivada, com “Sol”... desfaz-se!

    Em quê, não digo, mas talvez o cognome esteja superiormente atribuído!

    ResponderEliminar
  4. Melhor ainda, o sereníssimo arquitecto declarou (julto ter ouvido bem) que se O Sol não ultrapassasse o Expresso num prazo de seis meses (salvo erro) ele consideraria tal facto como uma derrota pessoal e (salvo erro, ainda) se demitiria.

    Estarei errado?

    ResponderEliminar
  5. Paciente, confesso que não presto atenção ao que diz e escreve o arquitecto e, por isso, não estou em condições de confirmar ou desmentir esse compromisso.

    ResponderEliminar
  6. Ah, meu Deus! Eu continuo a adorar a tua ironia!
    É tão fina ;)

    O máximo!!!

    :))

    ResponderEliminar