Um pintor da construção civil estava a contar a um amigo as dificuldades por que tinha passado no seu último trabalho, em casa de uma cliente muito exigente:
- …E depois houve uma imensa dificuldade em encontrar a cor certa que a cliente queria para a sala. Tive que ir comprar não sei quantas latas de tinta para arranjar o tom salmão certo que ela queria para a sala. Não conseguia arranjar a mistura certa que desse um tom igual ao de uma amostra que ela tinha numa pequena cartolina. Depois a mãe ligou-lhe, a cliente saiu da sala, esteve à conversa com a mãe mais de uma hora e quando voltou o problema já estava resolvido…
- A mãe convenceu-a a ser mais razoável?
- Não, aproveitei o intervalo para lhe pintar a amostra com a cor da mistura que já tinha obtido…
- …E depois houve uma imensa dificuldade em encontrar a cor certa que a cliente queria para a sala. Tive que ir comprar não sei quantas latas de tinta para arranjar o tom salmão certo que ela queria para a sala. Não conseguia arranjar a mistura certa que desse um tom igual ao de uma amostra que ela tinha numa pequena cartolina. Depois a mãe ligou-lhe, a cliente saiu da sala, esteve à conversa com a mãe mais de uma hora e quando voltou o problema já estava resolvido…
- A mãe convenceu-a a ser mais razoável?
- Não, aproveitei o intervalo para lhe pintar a amostra com a cor da mistura que já tinha obtido…
E talvez haja muitas outras questões em que o que realmente muda é apenas a nossa percepção sobre elas. Nos casos da administração da Justiça, onde o padrão do passado parecia ser o do silêncio majestático (e antipático…), apenas furado pelas intervenções infelizes dos sindicalistas do sector, parece que há mudanças. Entre outros indícios, o Procurador-Geral admite numa audição de uma Comissão da Assembleia da Republica que não possui solução nenhuma para o segredo da justiça, porque ele será sempre violado. Outro, é o do tratamento subsequente que está a ser dado ao caso do sargento condenado recentemente a seis anos de prisão por sequestro, disponibilizando o acórdão. E parece haver mais...
E, sinceramente, só posso encarar com agrado o fim de alguma hipocrisia (quanto ao segredo de justiça) e a possibilidade de, dispondo das fontes originais da informação (o acórdão), poder chegar autonomamente às minhas conclusões sobre um qualquer assunto em discussão. Provavelmente, como a cliente do pintor, a justiça não passou a funcionar melhor em Portugal por isso e apenas me pintaram a amostra, mas eu fiquei contente porque me pareceu que me passaram a prestar mais atenção enquanto cidadão… O que eu não percebo é como esta diversificação das fontes de informação pode deixar alguém tão furibundo… e pelo tom apaixonado do teor do poste, Furibunda com F Maiúsculo*!
* É que o comunicado do sindicato dos juízes é a defesa da decisão judicial baseada no acórdão, a reequilibrar uma história de fadas que havia circulado nos dias anteriores na comunicação social e na blogosfera, com gente muito boa e gente muito má, onde um dos bons foi condenado por três juízes tolos...
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