Muito mais discreta do que a sempre exuberante cobertura mediática da actuação de Hugo Chavez na Venezuela, vale a pena contar a história recente do Equador, onde no próximo dia 15 de Janeiro tomará posse um novo presidente, Rafael Correa, eleito na segunda volta das eleições presidenciais que tiveram lugar no passado mês de Novembro, geralmente colocado no centro esquerda do espectro político.
As vicissitudes da vida política equatoriana dos últimos anos, podem ser recuperadas a partir da deposição há sete anos, em Janeiro de 2000, do presidente democraticamente eleito dois anos antes, Jamil Mahuad, através de uma ampla coligação civil e militar, onde o braço civil era a organização representante das populações índias que promovia a agitação social nas ruas e o militar era a que se recusava a reprimi-la.
Num processo um pouco tumultuoso, apoiado pelos insurrectos e também pelo presidente cessante, numa sessão do Congresso (órgão legislativo) um pouco improvisada, assumiu a presidência o vice-presidente então em exercício, Gustavo Noboa, com o apoio discreto mas decisivo de um directório militar. Os Estados Unidos, ao não endossar a solução de uma tradicional Junta Militar latino-americana, forçaram a solução escolhida...
Claro que uma das funções primordiais do novo presidente foi a de organizar novas eleições presidenciais, que vieram a ser ganhas por Lúcio Gutiérrez, um ex-coronel e também um ex-membro da Junta Militar que não se veio a formar por ocasião da deposição de Mahuad. Ganhou com 55% dos votos, à esquerda, contra Álvaro Noboa, que é geralmente considerado como o homem mais rico do Equador.
O presidente Gutiérrez tomou posse em Janeiro de 2003 e a coligação que o elegera rapidamente se dissolveu, com acusações de corrupção envolvendo tanto o próprio presidente como sobretudo o seu antecessor, Gustavo Noboa. Em resposta, Gutierrez procedeu a uma substituição, que não é permitida constitucionalmente (como seria de esperar), dos Juizes do Supremo Tribunal…
Em Abril de 2005, tocou a vez de Gutiérrez ser deposto, naquela que ficou conhecida como a Rebelião dos Foragidos (uma designação depreciativa usada por Gutiérrez entretanto recuperada como bandeira pelos revoltosos). Assumiu o seu vice-presidente Alfredo Palácio. Foram reatados os processos de acusação contra Gustavo Noboa e contra Lúcio Gutiérrez, que entretanto haviam sido anulados.
Foi sob Alfredo Palácio que se organizaram as eleições que deram a vitória a Rafael Correa, com 57% dos votos, sobre, mais uma vez, Álvaro Noboa, o homem mais rico do país. Esta é uma história simplificada, sem análises, dos acontecimentos dos últimos anos no Equador. Nenhum presidente democraticamente eleito consegue terminar o seu mandato... Em animação, creio que não perde muito para a da Venezuela do mesmo período, embora o Equador produza muito menos petróleo…
As vicissitudes da vida política equatoriana dos últimos anos, podem ser recuperadas a partir da deposição há sete anos, em Janeiro de 2000, do presidente democraticamente eleito dois anos antes, Jamil Mahuad, através de uma ampla coligação civil e militar, onde o braço civil era a organização representante das populações índias que promovia a agitação social nas ruas e o militar era a que se recusava a reprimi-la.
Num processo um pouco tumultuoso, apoiado pelos insurrectos e também pelo presidente cessante, numa sessão do Congresso (órgão legislativo) um pouco improvisada, assumiu a presidência o vice-presidente então em exercício, Gustavo Noboa, com o apoio discreto mas decisivo de um directório militar. Os Estados Unidos, ao não endossar a solução de uma tradicional Junta Militar latino-americana, forçaram a solução escolhida...
Claro que uma das funções primordiais do novo presidente foi a de organizar novas eleições presidenciais, que vieram a ser ganhas por Lúcio Gutiérrez, um ex-coronel e também um ex-membro da Junta Militar que não se veio a formar por ocasião da deposição de Mahuad. Ganhou com 55% dos votos, à esquerda, contra Álvaro Noboa, que é geralmente considerado como o homem mais rico do Equador.
O presidente Gutiérrez tomou posse em Janeiro de 2003 e a coligação que o elegera rapidamente se dissolveu, com acusações de corrupção envolvendo tanto o próprio presidente como sobretudo o seu antecessor, Gustavo Noboa. Em resposta, Gutierrez procedeu a uma substituição, que não é permitida constitucionalmente (como seria de esperar), dos Juizes do Supremo Tribunal…
Em Abril de 2005, tocou a vez de Gutiérrez ser deposto, naquela que ficou conhecida como a Rebelião dos Foragidos (uma designação depreciativa usada por Gutiérrez entretanto recuperada como bandeira pelos revoltosos). Assumiu o seu vice-presidente Alfredo Palácio. Foram reatados os processos de acusação contra Gustavo Noboa e contra Lúcio Gutiérrez, que entretanto haviam sido anulados.
Foi sob Alfredo Palácio que se organizaram as eleições que deram a vitória a Rafael Correa, com 57% dos votos, sobre, mais uma vez, Álvaro Noboa, o homem mais rico do país. Esta é uma história simplificada, sem análises, dos acontecimentos dos últimos anos no Equador. Nenhum presidente democraticamente eleito consegue terminar o seu mandato... Em animação, creio que não perde muito para a da Venezuela do mesmo período, embora o Equador produza muito menos petróleo…
Será essa a causa para que as menções ao Equador, e as preocupações demonstradas com a evolução da situação política no Equador, sejam em número muito inferior ao que acontece com a Venezuela na imprensa internacional? Ficará assim mais compreensível a tese que apresentei no poste anterior? Ou valerá a pena adicionar um outro exemplo doutro país em que haja um general Tapioca chapado?
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