

A grande lição a retirar daqui é que, mesmo sem os tais episódios líricos, a batalha ideológica pela história continua a travar-se mesmo muito depois do fim das hostilidades. E que preciso de prestar mais atenção às escolhas que faço das fotografias que ilustrem os postes e também às histórias que conheça que estejam por detrás delas. Tomemos o exemplo da próxima fotografia que se tornou num dos exemplos mais conhecidos da brutalidade da Guerra do Vietname.

Contudo, o que a fotografia não mostra (nem o filme da TV, que cobre aqueles mesmos acontecimentos) são as razões que estiveram por detrás da decisão do executor, Nguyen Ngoc Luan, o comandante da polícia de Saigão, então com 38 anos. O executado (há dúvidas quanto à sua identidade) pertencera ou comandara uma unidade Vietcong encarregue de atacar o bairro residencial dos oficiais da polícia sul-vietnamita onde, mais do que os oficiais (que estavam em serviço), executara vários dos familiares que ali se abrigavam (o número dos mortos varia entre 6 e 34). É um detalhe que a fotografia não revela, que o fotógrafo não conhecia e que a americanos não levaram em consideração quando ela apareceu nos jornais.
No entanto – dois pesos e duas medidas – a comunicação social norte-americana não estranhou que, do comando Vietcong que, na mesma Ofensiva do Tet, ficara encarregue de atacar a embaixada norte-americana em Saigão, não tivesse sido capturado nenhum elemento – ainda que eventualmente pudesse estar muito ferido… Não sobreviveu rigorosamente ninguém… Tranquilizadoramente, as forças armadas norte-americanas informaram a sua imprensa que o comando Vietcong que havia atacado a sua embaixada era um comando suicida…
* O nome oficial da organização era Frente de Libertação Nacional do Vietname do Sul. Usava-se a expressão Vietcong que era uma abreviatura agradável a ouvidos ocidentas da designação em vietnamita de Comunista Vietnamita: Viet Nam Cong San
Ou, traduzindo na nossa língua, foram todos suicidados!
ResponderEliminarÉ esse o grande problema quando se trata de contar a história e não há sobreviventes de um dos lados...
O outro lado pode “reescrever” o episódio!
Para ver, Impaciente, como estes velhos tópicos do Vietname são estranhamente actuais veja-se:
ResponderEliminarhttp://www.washingtonpost.com/wp-dyn/content/article/2007/01/05/AR2007010502248.html