
O Imperador Cláudio (10 a.C. – 54 d.C.) reinou de 41 a 54, enquanto Adriano (76 - 138), foi Imperador de 117 a 138 e finalmente Juliano (331 - 363), governou o Império entre 361 e 363. Medeia um século de diferença entre o primeiro e o segundo imperador e dois entre o segundo e o terceiro e, para além disso, os autores eram de gerações distintas, os livros foram escritos em décadas espaçadas, para não adicionar ainda a questão das nacionalidades diferentes de cada um dos escritores. Quanto à profundidade de qualquer análise que possa fazer sobra estas obras estará, naturalmente, condicionada pelo facto de a fazer sintética num blogue.

Acredito em quem considera que Memórias de Adriano – de longe, o mais aclamado dos três livros - seja o melhor deles do ponto de vista literário. Mas, do que conheço, também tenho poucas dúvidas em considerá-lo o menos credível dos três quanto à configuração daquilo que se conhece historicamente da personalidade do biografado. Parafraseando uma crítica cáustica a uma das obras mais conhecidas de Winston Churchill*, aqui pode forçar-se um pouco a ironia, dizendo que Yourcenar inventou uma personagem de um patrício poderoso da Antiguidade, que situou no século II da nossa era e a quem decidiu dar o nome de Adriano...
O Juliano de Vidal é, de longe (e injustamente, na minha opinião), a obra menos conhecida e considerada do conjunto. Juliano foi o imperador que, no século IV, tentou reavivar os cultos ancestrais por oposição ao cristianismo que havia sido a religião da corte durante os 50 anos anteriores. Com uma história tão interessante por base, a crítica mais substancial que lhe posso apontar é a de esquecer quanto de conservador e retrógrado haveria no processo de retorno às práticas religiosas ancestrais. Ora o Juliano de Vidal quase parece um revolucionário de época, tipo James Dean ou Che Guevara…

Há uns tempos passou uma mini série na televisão (de ficção) dedicada a Atila, o Huno: os soldados romanos de meados do século V estavam vestidos e equipados como no tempo de César, cinco séculos antes… Outro dia, ofereceram-me um livro chamado A Última Legião. Depois descobri que o autor queria convencer-me que a acção se passaria em 476, data da queda do Império Romano do Ocidente, e que tal legião era o último vestígio de poder militar de Roma. Alguns livros informá-lo-iam que, em 476, o conceito de legião já estaria caduco há 200 anos… Ontem, descobri que John Boorman** se prepara para ser o realizador de uma versão cinematográfica de Memórias de Adriano. Promete…
Nestas ocasiões convém ler (ou reler) o que é bom, para melhor distinguir do que é sofrível ou mesmo mau…
* Winston resolveu escrever um livro enorme (6 volumes!) sobre a sua pessoa e quando chegou a altura de lhe dar um título chamou-lhe A Segunda Guerra Mundial!…
** A filmografia do realizador está disponível na ligação ao IMDB.
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