23 novembro 2006

O OCASO DOS NEOCONS?

É caso para reflexão séria o tom do último artigo de opinião publicado no LA Times por Max Boot, o neocon residente daquele jornal. Intitulado Cutting and running on our allies, partindo da situação actual no Iraque (o tema querido de Max Boot), passa em revista, desde 1804, todos os episódios em que o governo dos Estados Unidos abandonou e deixou entalados os seus aliados nos seus envolvimentos no estrangeiro.

O tom geral é, naturalmente, condenatório e a sequência de eventos acaba por se tornar, na perspectiva de Max Boot, justificativa do actual comportamento progressivamente distanciado dos iraquianos em relação aos norte-americanos. Nada disto é novo, os acontecimentos históricos mencionados sempre existiram e as análises associando-os (alguns ou todos os eventos) com a actualidade iraquiana pululam. A novidade está em quem os escreve.

Confesso não resistir ao gosto de lhe apontar algumas fraquezas na sua argumentação, como por exemplo a omissão do exemplo sul-coreano, um aliado norte-americano a que há que reconhecer um sucesso inquestionável, e pelo qual se compreende que nem sempre repousam nos Estados Unidos todos os factores decisivos – e, consequentemente, nem todas as responsabilidades – sobre o sucesso ou insucesso dos seus aliados externos.

Nos fundamentos deste lapso, percebe-se como Max Boot continua imperialisticamente norte-americano. Mas um norte-americano que, ao contrário dos seus melhores artigos do passado, se tornou agora apenas descritivo e que parece assumir-se como um mero espectador, embora atento, do que poderá vir a ser a nova política externa desta Administração. E nestes pequenos detalhes também se notam as sequelas dos resultados das eleições deste mês…

1 comentário:

  1. Os franceses têm, no seu leque de termos correntes de "calão", a palavra CON que significa "estúpido", "nabo", "imbecil", etc.
    Será que os velhos CONS estão fora de prazo, desactualizados?
    Quem são (e o que são? os novos CONS, os neocons?

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