08 novembro 2006

The Strange Case of Dr Jekyll and Mr. Hyde

Ontem, ao debater com um amigo a antevisão do que poderiam vir a ser as eleições norte-americanas, calhou vir a ser comentado um artigo de Vasco Pulido Valente (daqui por diante tratado por VPV Guedes, como ele gosta…), em que ele considerava que a questão da Guerra do Iraque seria apenas marginal para o desfecho das eleições, pois apenas as franjas da sociedade – hispânicos, negros e brancos pobres – é que lá têm familiares a combater.

Foi mais uma opinião tola de que os resultados eleitorais que hoje se apuraram apenas dão a dimensão da tolice. Refutando-a, parece-me que são raros os casos de quem aprecie a ideia de gozar da reputação de estar a perder uma guerra, muito menos os norte-americanos. Aliás, uma lógica similar se deve aplicar ao próprio VPV Guedes, que naturalmente deverá contestar toda esta linha de argumentação, não quisesse ele ficar com a reputação de ter perdido a razão na análise que havia feito no referido artigo…

Mas o que mais me impressiona no VPV Guedes é esta compulsão para, quando esteja hesitante entre o que será uma análise mais rigorosa mas de consequências mais discretas e uma outra, muito mais arriscada mas de superior estardalhaço, nunca parecer haver hesitações na sua opção pela segunda. Reconheço que é um estilo e que lhe dá uma notoriedade extrema. Tenho é uma imensa relutância em torná-lo compatível com a outra actividade de VPV Guedes, a de historiador.

É que se trata de uma disciplina onde não há quaisquer hesitações quando o dilema acima exposto se coloca. É por isso que tenho alguma relutância em aceitar os encómios dos livros de história da autoria de VPV Guedes. Neste aspecto essencial das opções entre o que deve predominar entre rigor e exuberância, em que VPV Guedes tem que se assumir como uma figura ambivalente, cronista e historiador, do tipo de um Dr. Jekyll e de um Mr. Hyde, eu não creio que esse desdobramento de personalidades exista, só mesmo nos personagens da ficção….

3 comentários:

  1. Não será, talvez, de excluir a hipótese de VPV funcionar num registo de desafio e provocação permanentes, ao optar por teses arriscadas e enviesadas, dando prioridade à forma, prezando menos a evidência.
    Cada artigo poderá ser mais um exercício de estilo que valerá pela originalidade e pelo modo (normalmente) hábil como consegue vender o seu peixe.
    Este nem sempre será fresco, pode vir até de mares suspeitos, mas que vem sempre bem amanhadinho e escamado a preceito, lá isso vem.
    O menino VPV é travesso, lá isso é.
    É como o "Menino" do Zé Afonso que "é d'oiro fino, não façam caso que é pequenino"...

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  2. Paciente, essa é, de facto, uma hipótese a não excluir. Mas, para um exercício estético, utiliza em demasia - e em falso, já o apanhei a meter umas galgas... - a soberba intelectual em relação a terceiros que classifica sempre de ignorantes...

    Ora o "menino" - a quem a mamã, como todas as mamãs babadas, deve ter dito que era o mais esperto da rua dele - já tem mais do que idade para já se ter apercebido que a brincadeira é na praceta, cheia de meninos que eram os mais espertos das respectivas ruas...

    Marta, a doença bem pode ser bipolar, mas eu farto-me é de ler o VPV Guedes no Pólo Sul, armado em pinguim!

    (Para quem não saiba, não há pinguins no Pólo Norte...)

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