Este fim-de-semana tive a oportunidade de assistir pela televisão a um filme que continha uma verdadeira analogia ao que se pensa terem sido as condições sociais da Roma antiga do período clássico. E não era o Gladiator, a superprodução norte-americana de Ridley Scott lançada com grande estardalhaço há seis anos, que também passou na televisão, mas sim Cidade de Deus, um filme brasileiro de Fernando Meirelles de 2002.
A descrição do ambiente de uma favela carioca moderna (chamada Cidade de Deus e que dá o nome ao filme), com a sua arquitectura de casa térreas e encavalitadas, ruas e becos estreitos e labirínticos, onde a sociologia da população residente reflecte tudo isso nas relações violentas que estabelece entre si e nas violentíssimas para com tudo o que pertença ao exterior, será um excelente exemplo do que se acredita terão sido as vivências do proletariado dos bairros populares de Roma do Século I da nossa era.
Mesmo a facilidade com que ali se mata, fenómeno que parece coexistir com uma assimetria extrema na distribuição da riqueza, reproduz com mais fidelidade e crueldade o desinteresse manifestado pela vida humana nessas circunstâncias do que toda a encenação monumental mas teatral de Gladiator. Ficou apenas a faltar ao filme brasileiro um episódio com uma visita a um dos coliseus modernos do Rio de Janeiro, um qualquer estádio de um dos seus clubes – Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo ou Fluminense.
Quanto ao filme norte-americano, nunca é demais perguntarmo-nos o que andaram por lá a fazer todos aqueles conselheiros históricos porque os anacronismos são às dezenas. Sinteticamente, trata-se de um Western (com todos os ingredientes a ele associados) que se passa num hipotético (muito hipotético mesmo!...) passado mas que se podia passar no futuro ou num outro planeta qualquer com grandes vantagens, porque aí não haveria o rigor histórico para julgar a qualidade das (caríssimas) recriações…
A descrição do ambiente de uma favela carioca moderna (chamada Cidade de Deus e que dá o nome ao filme), com a sua arquitectura de casa térreas e encavalitadas, ruas e becos estreitos e labirínticos, onde a sociologia da população residente reflecte tudo isso nas relações violentas que estabelece entre si e nas violentíssimas para com tudo o que pertença ao exterior, será um excelente exemplo do que se acredita terão sido as vivências do proletariado dos bairros populares de Roma do Século I da nossa era.
Mesmo a facilidade com que ali se mata, fenómeno que parece coexistir com uma assimetria extrema na distribuição da riqueza, reproduz com mais fidelidade e crueldade o desinteresse manifestado pela vida humana nessas circunstâncias do que toda a encenação monumental mas teatral de Gladiator. Ficou apenas a faltar ao filme brasileiro um episódio com uma visita a um dos coliseus modernos do Rio de Janeiro, um qualquer estádio de um dos seus clubes – Flamengo, Vasco da Gama, Botafogo ou Fluminense.
Quanto ao filme norte-americano, nunca é demais perguntarmo-nos o que andaram por lá a fazer todos aqueles conselheiros históricos porque os anacronismos são às dezenas. Sinteticamente, trata-se de um Western (com todos os ingredientes a ele associados) que se passa num hipotético (muito hipotético mesmo!...) passado mas que se podia passar no futuro ou num outro planeta qualquer com grandes vantagens, porque aí não haveria o rigor histórico para julgar a qualidade das (caríssimas) recriações…
Compreende-se a lógica dos fazedores do "Gladiador".
ResponderEliminarO que interessa é o espectáculo, não o rigor histórico, o que explica que não tenham escolhido José Hermano Saraiva para vedeta do filme.
Roma, aquela Roma, foi há muito tempo, e pesquisar, investigar, ler os livros de História dá trabalho, leva tempo.
Por isso, vamos a isto que é uma pressa, às urtigas a verdade dos factos.
Já o nosso Meireles, só precisou de atravessar a rua e ver o que se passa há décadas nas favelas.
Ligou a maquineta, filmou e foi o que Deus quis, a Sua cidade...