São os acasos da geografia, conjuntamente com os da história que fazem com que os países da vizinhança próxima do nosso nos sejam de uma dimensão geográfica e demográfica várias vezes superior. Mas essa circunstância não nos deve obrigar a ir buscar modelos e analogias para lugares longínquos dessa Europa, como a Finlândia dos slogans do nosso primeiro-ministro ou a Irlanda dos sonhos dos liberais ferrenhos.Porque a realidade é que a sociologia e os comportamentos sociais mais parecidos com os do nosso país os vamos encontrar, como seria natural, nos nossos vizinhos próximos, co-herdeiros do defunto Império Romano do Ocidente e nossos parentes próximos pelos idiomas usados, todos corruptelas do latim: Espanha, Itália e França. São o que há de mais parecido connosco, embora maiores.
Ora estando nós a atravessar um período extremamente doloroso de reformas que o poder político classifica de necessárias (como as da segurança social, por exemplo) senão mesmo indispensáveis, dá que pensar que alguém andará errado porque, por causas diversas (a falta de coragem política de Jacques Chirac e a falta de capacidade de manobra política de Romano Prodi) tanto França como Itália estão a evitar promovê-las.
Só o futuro nos poderá assegurar se este sacrifício de regalias – as tais de que franceses e italianos nem querem ouvir falar…- terá merecido a pena. Se sim, e se Itália e França não mudarem entretanto de rumo, então aproximar-nos-emos dos padrões de vida desses nossos vizinhos. Se não, então por duas ou três gerações, enquanto a memória perdurar, ninguém mais venha falar de reformas e sacrifícios em Portugal…
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