É muito frequente entre nós, será talvez cultural, confundirmos as nossas apreciações – e consequentemente as nossas críticas - entre a forma e o fundo ou, como diz a metáfora feliz de um amigo meu, entre o copo da água e a água do copo. Hoje, com a intervenção de Correia de Campos no congresso do PS houve uma dessas ocasiões onde se consegue fazer uma distinção claríssima entre forma e fundo.
Foi muito positivo e tanto mais de saudar por ser tão invulgar (infelizmente…) ver um ministro intervir como um orador ordinário apresentando e explicando a sua política sectorial no congresso do partido de que é militante. Mas, talvez por causa disso, de estar despojada do carácter institucional com que normalmente é apresentada, tornou-se muito mais evidente a fragilidade argumentativa com que certos aspectos dela são apresentados.
Foi muito positivo e tanto mais de saudar por ser tão invulgar (infelizmente…) ver um ministro intervir como um orador ordinário apresentando e explicando a sua política sectorial no congresso do partido de que é militante. Mas, talvez por causa disso, de estar despojada do carácter institucional com que normalmente é apresentada, tornou-se muito mais evidente a fragilidade argumentativa com que certos aspectos dela são apresentados.
Pagar, nem que seja um valor simbólico, nos termos precisos em que isso foi invocado no discurso por Correia de Campos poderia ser perfeitamente extensível, rigorosamente pela mesma lógica, aos serviços de iluminação pública da nossa rua... E, em geral, a todos os serviços públicos que o cidadão contribuinte pudesse constatar a utilidade. Não se esqueça ele que, num registo populista, isso também lhe daria uma outra legitimidade para questionar aqueles serviços para os quais ele não vê qualquer utilidade como os motoristas e as viaturas de serviço do ministro da saúde, por exemplo...
Só que a estes já habituais absurdos argumentativos sobre as famosas taxas hospitalares a introduzir, juntou-se agora ainda um retoque de populismo com a menção do destino virtual dos 7 a 9 milhões de euros (uma receita irrisória, como o próprio ministro realçou): o tratamento de 2.000 doentes com cancro!.... Nem Portas se atreveria a tanto e estes irrisórios 7 a 9 milhões arriscam-se a ter um custo político muito mais significativo que aquele montante se os opositores do SNS os vierem a aproveitar para deitar fora o bebé com a água do banho…
Nada disto é novo para mim!
ResponderEliminarDepois de ter trabalhado quase 30 anos numa Empresa Pública, conheço bem a mentalidade dos “gestores” que por lá passaram (e foram muitos!).
Com a empresa em “situação económica difícil”, começavam por mudar, pelo menos, a mobília dos gabinetes e comprar automóveis “topo de gama”!
Depois mandavam cortar na despesa com o material de escritório... Nasceu aí a expressão: “Poupar nas esferográficas”!
Parece-me que Sua Excelência teve aulas de “gestor público”...