
Normalmente estes grandes julgamentos estão recheados de questões e incongruências que nunca podem ser respondidas nem satisfeitas. O que é que aconteceu às investigações sobre o Massacre de Katyn durante os julgamentos de Nuremberga? Porque é que os réus do Bando dos Quatro entravam sempre cabisbaixos – como de resto acontece sempre que há cobertura mediática nos tribunais chineses… - durante todo o seu julgamento? Serão verosímeis as confissões dos réus dos processos de Moscovo dos anos 30? Porque é que Slobodan Milosevic (ao contrário de Saddam…) não foi julgado no seu próprio país, mas em Haia? E porque é que a cobertura mediática do seu julgamento começou a desaparecer quando ele começou a ganhar simpatias com a sua autodefesa?
Este corrupio de perguntas destina-se apenas a comprovar que, nestes julgamentos, o jogo começa e permanece viciado até ao fim. Não há surpresas. O caso de Saddam Hussein não parece excepção, nem é preciso invocar a coincidência do proveito eleitoral que o anúncio da sentença poderá ter nos Estados Unidos para alertar para isso… É por isso que considero que todos os comentários e protestos a respeito da condenação à morte proferida contra Saddam Hussein devem ser dirigidas a quem já a havia decidido, na prática e há muito tempo, quanto se optou por deixá-lo para ser submetido a um julgamento no Iraque: a George W. Bush, e à sua administração…
Ou vendo as coisas do ângulo oposto: naquelas circunstâncias, quem estava à espera de outro veredicto?
Tratou-se de uma morte anunciada por todas as crónicas, oráculos e adivinhos diplomados por Vilar de Perdizes. É verdade.
ResponderEliminarDito isto, a verdade é que a condenação é amplamente merecida.
Mas a pena deveria ser de prisão perpétua. Sem perdões por bom comportamento...