Gostaria de ter guardado, sobretudo pela sua singeleza, uma carta ao director do Público enviada pelo professor Jorge Miranda, contendo alguns comentários a respeito do artigo regular das Quintas-Feiras de José Pacheco Pereira (JPP), publicado a seguir à morte de Sottomayor Cardia, em que a este se refere.
É natural que o autor do artigo se concentre no que conheceu, sobretudo na memória das suas recordações pessoais do defunto. Contudo, não haja dúvidas que houve algo no conteúdo do mesmo – nas menções ou mesmo nas omissões – que motivou Jorge Miranda a escrever a carta que enviou para o jornal.
A verdade é que, à fase da revisão constitucional do final dos anos 80 que JPP descreve, e de onde ele faz de Sottomayor Cardia uma espécie de empecilho fora do tempo, embora faça essa descrição com toda a elegância possível, Jorge Miranda prefere contrapor a fase inicial, a da génese e elaboração da Constituição.
E aí, a pergunta posta por Jorge Miranda na sua carta é mortal: em que lado estava JPP, quando ele e Sottomayor Cardia discutiam a redacção da Constituição em 1975-76? Para quem coloca outros no tempo errado da História, JPP também não pode esquecer as vezes em que ele mesmo esteve do lado errado da História e que não anda pela actividade política apenas em espírito…
É bem verdade que não é o percurso de JPP que estava em causa, mas o artigo invocava inflexões ideológicas e dissidências – algo que o autor conhece na primeira pessoa – e sobretudo socorre-se da sua experiência enquanto actor da cena política para traçar um retrato do visado numa determinada época. Ora, sendo mais novo do que o falecido apenas 8 anos, o autor tambem já cá anda há muito tempo...
É natural que o autor do artigo se concentre no que conheceu, sobretudo na memória das suas recordações pessoais do defunto. Contudo, não haja dúvidas que houve algo no conteúdo do mesmo – nas menções ou mesmo nas omissões – que motivou Jorge Miranda a escrever a carta que enviou para o jornal.
A verdade é que, à fase da revisão constitucional do final dos anos 80 que JPP descreve, e de onde ele faz de Sottomayor Cardia uma espécie de empecilho fora do tempo, embora faça essa descrição com toda a elegância possível, Jorge Miranda prefere contrapor a fase inicial, a da génese e elaboração da Constituição.
E aí, a pergunta posta por Jorge Miranda na sua carta é mortal: em que lado estava JPP, quando ele e Sottomayor Cardia discutiam a redacção da Constituição em 1975-76? Para quem coloca outros no tempo errado da História, JPP também não pode esquecer as vezes em que ele mesmo esteve do lado errado da História e que não anda pela actividade política apenas em espírito…
É bem verdade que não é o percurso de JPP que estava em causa, mas o artigo invocava inflexões ideológicas e dissidências – algo que o autor conhece na primeira pessoa – e sobretudo socorre-se da sua experiência enquanto actor da cena política para traçar um retrato do visado numa determinada época. Ora, sendo mais novo do que o falecido apenas 8 anos, o autor tambem já cá anda há muito tempo...
Noutros, lapsos deste género seriam menos condenáveis, porque poder-se-iam imputar ao facciosismo natural do político que descreve um encadeamento de acontecimentos com o cuidado de proteger o seu trajecto e a sua pessoa. Mas vêm também da parte de alguém que se orgulha de ser um historiador e que tem obra publicada.
Que começou aliás o seu artigo criticando implacavelmente – e suponho que com alguma razão – muitos dos seus actuais camaradas de partido que de há muito haviam votado Sottomayor Cardia ao esquecimento. Devolvendo o rigor ao autor, diga-se que recordá-lo é positivo, mas fazê-lo usando de um evidente revisionismo histórico, também é passível de critica.
E onde estava Cardia quando o JPP combatia o anacrónico PCP nos anos sessenta? Isto é mais uma palermice de argumento só pata cmbater o JPP que Cardia tinha em grande consideração como várias vezes o disse.
ResponderEliminarOh Anónimo
ResponderEliminarAssim como o facto do PCP se opor ao regime (ao fascismo, na linguagem deles) não o transforma automaticamente em democrático, também quem combatia o PCP anacrónico (como diz) não merecia ganhar galões democráticos só por isso. O maoismo, por exemplo, não me parece um exemplo de democracia...
O percurso de Cardia - desde comunista hiperortodoxo - está lá todo no artigo; o do seu autor é que só a partir do final dos anos 80...
Finalmente, é perfeitamente irrelevante citar a opinião de Cardia sobre JPP; o que ali está é a minha opinião - com uma citação de uma carta pública de Jorge Miranda - e não a de Cardia e nem sequer é a minha opinião sobre JPP mas SOBRE o artigo de JPP.
Se não percebeu a diferença, percebe-se porque é que o argumento lhe pareceu uma palermice...
olhe lá e quando Cardia defendia a Constituição socialista, a economia colectivizada, e o JPP a combatia na revisão de 1988? isto é só para dizer que este tipo de criticas sºao ressabiadas e não tem pés na cabeça. O artigo do JPP é bom e bem melhor do que os seus antigos companheiros alguma vez escreveram.
ResponderEliminarOh Anónimo:
ResponderEliminarCreio que já se tinha percebido que nunca esteve em causa uma comparação entre as carreiras políticas e as inflexões que nelas fizeram tanto Cardia como Pacheco Pereira. Apenas que o segundo escolheu passar adiante o período em que, adiantadamente, o primeiro chegou à grande área ideológica democrática em que os dois se acabaram por encontrar, quando Pacheco Pereira “chegou” ao PSD. Que incluiu o tal período da Constituição de 1975-76…
Parafraseando-o, e usando dessa mesma frontalidade, isto é só para dizer que este tipo de comentários é descabido e passam ao lado do tema importante. Não considero o artigo de JPP nem bom, nem mau, apenas tendencioso por omissão e merecia que fosse defendido ao menos de uma forma mais intelectualmente estruturada.
Às vezes este JPP é tão contundente que faz lembrar o outro JPP (Jean Pierre Papin) que jogou no Marselha e no Milan AC.
ResponderEliminarPara além de outras considerações que o Herdeiro bem alinhavou, julgo que há que deixar os mortos em paz não provocando querelas estéreis.
A não ser quando alguém faz elogios excessivos e injustificados ao defunto. O que não parece ter sido o caso...