Falando por experiência própria, julgo que deve ser uma das primeiras desilusões que a sociedade nos dá, quando nos apercebemos, através do matulão déspota que estraga o recreio a todos os outros, que no mundo real raramente alguém se mete com alguém que seja do seu tamanho e prefere sempre escolher alguém com menos um palmo de altura para retirar as incertezas ao desfecho da disputa…
O crescimento provoca-nos duas curiosas elaborações sobre o estado de espírito acima descrito. Por um lado, conformamo-nos e aprendemos a jogar com as regras daquele jogo e é por isso que escolhemos para clubes da nossa simpatia os mais vencedores: a probabilidade de ficarmos do lado dos vencedores é maior apoiando o Benfica do que a Naval 1º de Maio.
Mas por outro, continua em nós uma espécie de recalcamento, que nos faz rebolar de gozo sempre que o favorito ou alguém que goze da posição dominante passe por uma humilhação. Recorrendo novamente ao exemplo do futebol, há uma certa diferença entre as expansivas manifestações de alegria pela vitória do Benfica e as mais discretas manifestações de regozijo pela derrota do Porto frente ao tal Naval 1º de Maio.
É este espírito de desforra, meio-sacanita, que quero recuperar neste poste, não sem antes fazer relembrar ao leitor as excelentes qualidades de humorista que Hermann José pode demonstrar, antes destes últimos seis anos penosos de programas na SIC, onde, cumulativamente, deve ter enchido os bolsos dele e garantidamente a nossa paciência, terem feito vacilar as nossas convicções a respeito do seu mérito.
Ora vai para uns doze anos, precisamente a SIC tinha um programa sob o rótulo de humorístico e baptizado com o nome de A Noite da Má-Língua, um programa muito brincalhão, onde o objectivo, como o próprio nome indica, era falar mal de tudo e de todos. Não haja dúvidas que os intervenientes do programa se divertiam a valer durante o mesmo, tenho algumas se o mesmo acontecia à audiência…
Mas a razão porque dele ainda me recordo resulta de uma imitação feita por sua vez num programa de rádio de Hermann José, que me deixou em lágrimas de tanto rir, onde aquele deu em imitar não as vozes mas os jeitos e trejeitos dos participantes, tornando – citando os que me lembro – Miguel Esteves Cardoso num tolo, Júlia Pinheiro numa histérica e Constança Cunha e Sá numa tia.
Foi mortal, embora a difusão de um programa radiofónico – julgo que passava na TSF – não seja a mesma de um televisivo. Os participantes da Noite da Má-Língua lamberam as feridas e seguiram em frente sem nunca se atreverem a referir-se ao famoso episódio em que se havia virado o bico ao prego… E, paradoxalmente, ficaram para a memória. Ainda hoje relembro a cópia – de Hermann – do comentário de Júlia Pinheiro num timbre inconfundível: DEIXEM FALAR O MIGUEL!...
O crescimento provoca-nos duas curiosas elaborações sobre o estado de espírito acima descrito. Por um lado, conformamo-nos e aprendemos a jogar com as regras daquele jogo e é por isso que escolhemos para clubes da nossa simpatia os mais vencedores: a probabilidade de ficarmos do lado dos vencedores é maior apoiando o Benfica do que a Naval 1º de Maio.
Mas por outro, continua em nós uma espécie de recalcamento, que nos faz rebolar de gozo sempre que o favorito ou alguém que goze da posição dominante passe por uma humilhação. Recorrendo novamente ao exemplo do futebol, há uma certa diferença entre as expansivas manifestações de alegria pela vitória do Benfica e as mais discretas manifestações de regozijo pela derrota do Porto frente ao tal Naval 1º de Maio.
É este espírito de desforra, meio-sacanita, que quero recuperar neste poste, não sem antes fazer relembrar ao leitor as excelentes qualidades de humorista que Hermann José pode demonstrar, antes destes últimos seis anos penosos de programas na SIC, onde, cumulativamente, deve ter enchido os bolsos dele e garantidamente a nossa paciência, terem feito vacilar as nossas convicções a respeito do seu mérito.
Ora vai para uns doze anos, precisamente a SIC tinha um programa sob o rótulo de humorístico e baptizado com o nome de A Noite da Má-Língua, um programa muito brincalhão, onde o objectivo, como o próprio nome indica, era falar mal de tudo e de todos. Não haja dúvidas que os intervenientes do programa se divertiam a valer durante o mesmo, tenho algumas se o mesmo acontecia à audiência…
Mas a razão porque dele ainda me recordo resulta de uma imitação feita por sua vez num programa de rádio de Hermann José, que me deixou em lágrimas de tanto rir, onde aquele deu em imitar não as vozes mas os jeitos e trejeitos dos participantes, tornando – citando os que me lembro – Miguel Esteves Cardoso num tolo, Júlia Pinheiro numa histérica e Constança Cunha e Sá numa tia.
Foi mortal, embora a difusão de um programa radiofónico – julgo que passava na TSF – não seja a mesma de um televisivo. Os participantes da Noite da Má-Língua lamberam as feridas e seguiram em frente sem nunca se atreverem a referir-se ao famoso episódio em que se havia virado o bico ao prego… E, paradoxalmente, ficaram para a memória. Ainda hoje relembro a cópia – de Hermann – do comentário de Júlia Pinheiro num timbre inconfundível: DEIXEM FALAR O MIGUEL!...
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