10 novembro 2006

HÁ ALGUÉM PARA SEGURAR A COROA DE LOUROS A SÓCRATES?

Quando se aproximam os três dias marcados para a realização do XV Congresso do PS em Santarém, onde José Sócrates comparecerá incensado com os 97,2% dos votos que o reelegeram secretário-geral na votação já realizada, julgo valer a pena invocar toda a história, da ascensão à queda, de um dos seus antepassados nestas manifestações de apoio unânime e encomiástico: Benito Mussolini.

Se é acessório detalhar toda a carreira política daquele que ficou conhecido como il Duce (pode ser consultada aqui em resumo), é importante estabelecer que considero que as semelhanças entre Sócrates e Mussolini se verificam muito mais no perfil das grandes audiências que os glorificam do que propriamente nos seus perfis pessoais. É verdade que Sócrates anda a desenvolver uns tiques peculiares, mas não exageremos!...

Tornaram-se famosas as sempre imponentes cerimónias em que o Partido Fascista aclamava o seu chefe, incluindo a indumentária (as camisas negras), as palavras de ordem (Acreditar! Obedecer! Combater!) ou o lema de Mussolini (Viver um dia como um leão em vez de cem anos como um carneiro!). E ainda hoje se pode ver pelos documentários como os seus discursos às massas não se caracterizavam pela moderação histriónica

Mas a história que mais nos interessa é aquela em que vamos encontrar Mussolini em Abril de 1945, depois de mais de 20 anos a dirigir os destinos de Itália, depois de ter caído em desgraça em 1943 e de ter sido resgatado e recuperado pelos alemães para estar à frente de uma República Social Italiana, um regime satélite da Alemanha sedeado no norte da Itália, com esta dividida pelas duas facções da guerra em curso e ansiosa pelo seu fim.

Num término apoteótico, adequado ao conteúdo dos seus discursos sempre grandiloquentes, Mussolini aderiu ao projecto de reunir o cerne dos fascistas mais irredutíveis e fiéis na região de Valtellina, uma espécie de fortaleza natural, onde se bateriam até à morte pelos seus ideais. Contava-se com cerca de 3.000 homens, um número bem modesto para uma organização onde se ouvira tantas juras de fidelidade.

Só que no dia da verdade estavam lá doze, o mesmo número dos apóstolos de Cristo… Tão propenso a recuperar as práticas romanas, de onde fora até buscar o nome para o seu partido, Mussolini esquecera-se da do escravo que, durante toda a cerimónia do triunfo segurava a coroa de louros do triunfador por cima da cabeça, enquanto lhe sussurrava por entre os aplausos e aclamações: Não te esqueças que és mortal!

Haverá alguém disposto a segurar a coroa de José Sócrates durante este fim-de-semana?

4 comentários:

  1. A propósito de Sócrates.
    Houve um seu antecessor no lugar de Estado, a quem os respectivos colegas de partido lhe deram a cicuta.

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  2. Alegre e João Soares talvez fossem voluntários para lhe propor um brinde com cicuta.
    Mas logo afastam tão funesto desiderato, o João porque não teria coragem, o Manuel porque há sempre alguém que resiste...

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  3. Se em vez de louros fossem louras, talvez o Santana se oferecesse...

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  4. Terminou o Congresso e o mais parecido com os sussurros de que aqui falei parece ter sido a conversa entre José Sócrates e Helena Roseta no palco no final do mesmo...

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