04 novembro 2006

O MEALHEIRO E O MARTELO, A LAGARTIXA E O JACARÉ

Como se se tratasse de um daqueles mealheiros de porcelana, durante anos e anos a fio coleccionaram-se os desaforos de Alberto João Jardim dirigidos a quem ocupava ou aspirava a ocupar lugares de responsabilidade na política e na hierarquia do estado português. Valha a verdade reconhecer que o dirigente madeirense sempre se mostrou democrático na forma como distribuía as desconsiderações públicas, não poupando os próprios companheiros do seu partido.

De todos os episódios, o que ficou mais memorável deve ter sido a referência em tom desprezível ao Sr. Silva – aquele senhor que até ocupa actualmente o Palácio de Belém – como se se tratasse de uma demonstração que ninguém se poderia sentir a salvo do seu comentário. Tendo agora o governo de Sócrates pegado no martelo para partir (finalmente...) o mealheiro, o tesouro lá contido pode ser equiparado a um descomunal silêncio tácito com que foi acolhido o entalão - com razão ou não - que Jardim está a levar a propósito do orçamento.

Pois bem, era nestes momentos em que, pela sua própria lógica de ganhar popularidade (e Deus sabe os esforços feitos - muitos deles baldados - para a ganhar), e traduzindo a opinião geral a respeito do tema, para além de se dar ao respeito dando uma ensinadela a quem o havia (também a ele!) destratado no passado, Luís Marques Mendes devia ter ficado escrupulosamente calado, num silêncio atroador, é que o presidente do PSD dá em abrir a boca! Há que reconhecer a pertinência do comentário que quem nasce lagartixa não chega a jacaré…

1 comentário:

  1. De facto, no sentido próprio e figurado, Marques Mendes não está à altura...

    ResponderEliminar