É visível como as grandes diferenças culturais podem transformar gestos significativos para uma cultura em caricaturas noutra. Slogans políticos como o movimento das Cem Flores que farão todo o sentido na gramática da disputa política na China serão uma espécie de mariquice incompreensível pelos códigos usados no Ocidente. E distribuir livrinhos para brandir em manifestações colossais também não parece fazer sentido.
Ás vezes, embora o alcance do gesto fosse perfeitamente compreensível, como quando houve o anúncio que Mao tinha nadado não sei quantos quilómetros no rio Yangtzé como prova do seu vigor físico e em antecipação ao golpe que iria desencadear com a Revolução Cultural (1966), a escolha da forma de expressão não deixava, por isso, de ser positivamente bizarra para observadores ocidentais.
Mas isto não devia ser percebido pelos nossos movimentos maoistas da década de 70, nomeadamente entre os dirigentes do famosíssimo MRPP, que importavam os slogans do outro lado do mundo em formato pronto-a-vestir. Como resultado ainda hoje não consigo deixar de sorrir quando vejo Arnaldo Matos e me lembro que ele era tratado como o Grande Educador da Classe Operária…
Muito mais discretas quanto à fonte de inspiração foram no entanto as cópias feitas por um outro político de um partido completamente diferente (embora vocacionado para reciclar ex-MRPPs...) que se lançou numa campanha autárquica começando por, imitando Mao, nadar no Tejo e dando como cor dominante à sua campanha o vermelho - que não é a cor identificativa do seu partido – mas que era a cor de referência da Revolução Cultural.
Embora a campanha fosse imaginativa – sobretudo exótica! – é bem possível que estivesse demasiado avançada para o seu tempo – arriscaria dizer que se fosse um movimento cultural teria sido um acontecimento! – e não lhe permitiu vencer as eleições. Mas – qual vocação! - continuamos a vê-lo regularmente todas as semanas feliz e, reutilizando a nomenclatura maoista, considerado como um Grande Timoneiro da opinião pública portuguesa…
Ás vezes, embora o alcance do gesto fosse perfeitamente compreensível, como quando houve o anúncio que Mao tinha nadado não sei quantos quilómetros no rio Yangtzé como prova do seu vigor físico e em antecipação ao golpe que iria desencadear com a Revolução Cultural (1966), a escolha da forma de expressão não deixava, por isso, de ser positivamente bizarra para observadores ocidentais.
Mas isto não devia ser percebido pelos nossos movimentos maoistas da década de 70, nomeadamente entre os dirigentes do famosíssimo MRPP, que importavam os slogans do outro lado do mundo em formato pronto-a-vestir. Como resultado ainda hoje não consigo deixar de sorrir quando vejo Arnaldo Matos e me lembro que ele era tratado como o Grande Educador da Classe Operária…
Muito mais discretas quanto à fonte de inspiração foram no entanto as cópias feitas por um outro político de um partido completamente diferente (embora vocacionado para reciclar ex-MRPPs...) que se lançou numa campanha autárquica começando por, imitando Mao, nadar no Tejo e dando como cor dominante à sua campanha o vermelho - que não é a cor identificativa do seu partido – mas que era a cor de referência da Revolução Cultural.
Embora a campanha fosse imaginativa – sobretudo exótica! – é bem possível que estivesse demasiado avançada para o seu tempo – arriscaria dizer que se fosse um movimento cultural teria sido um acontecimento! – e não lhe permitiu vencer as eleições. Mas – qual vocação! - continuamos a vê-lo regularmente todas as semanas feliz e, reutilizando a nomenclatura maoista, considerado como um Grande Timoneiro da opinião pública portuguesa…
Não sei ele ainda é o "Grande Timoneiro" ou se já só pensa que é... Brilhante post!
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