23 novembro 2006

A DIFERENÇA ENTRE UMA CAIXA E UMA BOMBA

Em Portugal, nos assuntos ligados a futebol – que, cada vez mais, menos têm a ver com o jogo propriamente dito – é muito frequente arranjarem-se caixas jornalísticas mas é quase impossível arranjarem-se bombas. A bomba pressupõe a publicação de algo que o público desconhecia e nem sequer suspeitava e não se pode dizer que isso acontecesse com as manipulações de Valentim Loureiro e Pinto da Costa na arbitragem ou no caso mais recente dos negócios de José Veiga.

E o facto de se tratarem de caixas, a que muitos reagem – incluindo jornalistas – com uma espécie de sensação de alívio (finalmente!...) pelo fim da impunidade com que o visado se movimentava, é capaz de estar por detrás das excelentes entrevistas televisivas realizadas, tanto na TVI, como na SIC e na RTP, a José Veiga, obrigando o entrevistado a sustentar as suas insinuações e confrontando-o com as implicações das suas palavras, quando tentava colar a sua pessoa (e os seus problemas) à instituição Benfica.

Vale a pena realçar um bom trabalho, porque nestas coisas de caixas e de bombas e das artes de manipulação na televisão, é difícil esquecer o episódio em que Carlos Cruz foi às três televisões em cadeia e em todas elas, com planos a dar destaque às suas lágrimas, ele chorou a sua inocência… E nesse episódio específico, mesmo ainda antes de terminar o julgamento e da emissão das respectivas sentenças, já é possível concluir que as televisões caíram que nem uns patinhos

2 comentários:

  1. Cada um reage à sua maneira, mas quando vi Carlos Cruz a saltar de canal para canal a chorar e a jurar a sua inocência, pareceu-me excessivo, teatral, um tiro estrondoso no porta-aviões.
    Depois, convidar para sua casa (com cobertura mediática) o jovem arrependido que o denunciara, foi outro excesso de bondade do mui magnânimo Cruz.
    Apesar disso, o homem não foi condenado, pelo que até pode estar inocente.
    Inocência, porém, é estatuto que ninguém reconhece à trindade Loureiro, Pinto e Veiga.
    Só que o ABIBIPITO Dourado continua entupido...

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  2. A caixa, para alguns jornalistas, consiste menos no conteúdo da dita (caixa) do que na embalagem, ou seja, na linguagem que usam para apresentar a notícia.
    Hoje, ouvi o senhor João Paulo Guerra, na Antena 1, falar de uns terrenos indevidamente viabilizados pelo Eng. Carmona Rodrigues,podendo essa autorização vir a permitir ao "empreendedor" reclamar uma indemnização ao Estado.
    Empreendedor?
    Noutro tempo, falava-se de "empreiteiros". Depois, vieram os "empresários", termo pomposo que apagou do léxico comerciantes, industriais, lojistas, garagistas, padeiros, merceeiros, etc.
    Hoje, não há cão nem gato, engraxador de esquina que não se intitule "empresário".
    Mas, para o senhor J.Paulo Guerra, não chega, "empreendedor" é que é.
    O espírito de iniciativa, a determinação, a força de vontade, tudo isso é chão que deu uvas.
    Somos um país que cultiva o EMPREENDEDORISMO. Ora toma!
    E viva a EMPRESARIALIZAÇÂO! Ora retoma! A toque de CAIXA !!

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