Uma das figuras mais famosas das comédias da época do cinema mudo (anos 20) ficou conhecida por Buster Keaton. Como, naquela altura, os nossos ouvidos ainda não estavam habituados aos anglicismos (ao contrário dos galicismos, que nessa mesma altura eram às dezenas…), o actor norte-americano recebeu um outro nome, criado para ser mais simpático para os ouvidos lusitanos: pamplinas.
Havia duas características que tornavam populares os filmes do pamplinas: as suas quedas aparatosas – numa época em que, não havendo ainda duplos, eram os próprios actores a protagonizar os tombos que desencadeavam as gargalhadas da assistência – e, sobretudo a sua imagem de marca, o facto de pamplinas se apresentar sempre com uma cara tristonha, lúgubre até, em contraste com a comicidade das situações em que estava envolvido.
E deverá ser por ausência de riso que sempre que José Pacheco Pereira se arroja a querer ter humor me lembro sempre do pamplinas. O seu último momento humorístico tem andado à volta de uma repetição inusitada da expressão Momento-Chávez para descrever quer a oportunidade delas, quer as próprias encenações em si, que acompanham José Sócrates cada vez que pretende ter uma coisa interessante para dizer ao país.
Começo por dizer que, aparte a expressão que escolheu e a oportunidade com que a escolheu, reconheço que José Pacheco Pereira tem toda a razão. Fica-lhe é um pouco mal em argúcia o facto de só agora ter descoberto a importância da forma como os políticos exercendo funções governativas, ou que a elas aspiram, parecem viver em mundos acolchoados das questões pertinentes que se lhes possam pôr.
Ainda recentemente, uma ingénua noviça como Ângela Merkel, que provavelmente não quis prestar ao staff da imagem os respeitos que este entende ser-lhe merecido, foi trucidada em vingança, ao passar uma fotografia sua por tudo quanto era jornal com uma enorme mancha de transpiração por baixo do braço enquanto acenava à multidão. Foi um aviso que não há político que sobreviva sem eles…
Mas, para além da substância do assunto, existe adicionalmente o momento pamplinas quando José Pacheco Pereira espirituoso – os Momentos-Chávez – compara José Sócrates a Hugo Chávez, naquilo que julgo ser uma alusão a um populismo aplicado a uma outra sociedade distinta de um outro continente. Populismo por populismo, e beneficiando de uma outra proximidade geográfica e sociológica, porque não um Momento-Sarkozy ou um Momento-Berlusconi?
Eu subscrevo inteiramente as censuras de José Pacheco Pereira à gestão que o círculo de Sócrates está a fazer das questões que podem ser postas em termos jornalísticos ao primeiro-ministro. Mas asseguro-lhe que ainda cá estarei a fazer precisamente as mesmas censuras quando vier a acontecer rigorosamente o mesmo a um dos sucessores de Sócrates que seja do PSD… E aí é que não jurarei se José Pacheco Pereira continuará comigo…
Porque falando de evitar respostas a perguntas inconvenientes, creio saber que foram enviadas imensas perguntas para José Pacheco Pereira – nomeadamente a respeito das suas posições de falcão assumidas no passado em relação aos assuntos de política internacional – endereçadas para o seu programa Quadratura do Círculo e que nem Carlos Andrade as pôs, nem a nenhuma delas ele respondeu.
É evidente que José Pacheco Pereira não é o primeiro-ministro mas, pelo menos neste aspecto restrito de se esquivar a perguntas inconvenientes, e havendo definitivamente razões verdadeiras para criticar José Sócrates, não me parece que assentem a José Pacheco Pereira os fundamentos de coerência que lhe permitam ser um dos seus críticos…
Havia duas características que tornavam populares os filmes do pamplinas: as suas quedas aparatosas – numa época em que, não havendo ainda duplos, eram os próprios actores a protagonizar os tombos que desencadeavam as gargalhadas da assistência – e, sobretudo a sua imagem de marca, o facto de pamplinas se apresentar sempre com uma cara tristonha, lúgubre até, em contraste com a comicidade das situações em que estava envolvido.
E deverá ser por ausência de riso que sempre que José Pacheco Pereira se arroja a querer ter humor me lembro sempre do pamplinas. O seu último momento humorístico tem andado à volta de uma repetição inusitada da expressão Momento-Chávez para descrever quer a oportunidade delas, quer as próprias encenações em si, que acompanham José Sócrates cada vez que pretende ter uma coisa interessante para dizer ao país.
Começo por dizer que, aparte a expressão que escolheu e a oportunidade com que a escolheu, reconheço que José Pacheco Pereira tem toda a razão. Fica-lhe é um pouco mal em argúcia o facto de só agora ter descoberto a importância da forma como os políticos exercendo funções governativas, ou que a elas aspiram, parecem viver em mundos acolchoados das questões pertinentes que se lhes possam pôr.
Ainda recentemente, uma ingénua noviça como Ângela Merkel, que provavelmente não quis prestar ao staff da imagem os respeitos que este entende ser-lhe merecido, foi trucidada em vingança, ao passar uma fotografia sua por tudo quanto era jornal com uma enorme mancha de transpiração por baixo do braço enquanto acenava à multidão. Foi um aviso que não há político que sobreviva sem eles…
Mas, para além da substância do assunto, existe adicionalmente o momento pamplinas quando José Pacheco Pereira espirituoso – os Momentos-Chávez – compara José Sócrates a Hugo Chávez, naquilo que julgo ser uma alusão a um populismo aplicado a uma outra sociedade distinta de um outro continente. Populismo por populismo, e beneficiando de uma outra proximidade geográfica e sociológica, porque não um Momento-Sarkozy ou um Momento-Berlusconi?
Eu subscrevo inteiramente as censuras de José Pacheco Pereira à gestão que o círculo de Sócrates está a fazer das questões que podem ser postas em termos jornalísticos ao primeiro-ministro. Mas asseguro-lhe que ainda cá estarei a fazer precisamente as mesmas censuras quando vier a acontecer rigorosamente o mesmo a um dos sucessores de Sócrates que seja do PSD… E aí é que não jurarei se José Pacheco Pereira continuará comigo…
Porque falando de evitar respostas a perguntas inconvenientes, creio saber que foram enviadas imensas perguntas para José Pacheco Pereira – nomeadamente a respeito das suas posições de falcão assumidas no passado em relação aos assuntos de política internacional – endereçadas para o seu programa Quadratura do Círculo e que nem Carlos Andrade as pôs, nem a nenhuma delas ele respondeu.
É evidente que José Pacheco Pereira não é o primeiro-ministro mas, pelo menos neste aspecto restrito de se esquivar a perguntas inconvenientes, e havendo definitivamente razões verdadeiras para criticar José Sócrates, não me parece que assentem a José Pacheco Pereira os fundamentos de coerência que lhe permitam ser um dos seus críticos…