(Republicação de 25 de Abril de 2016)
Se analisarmos a participação de cada um dos ramos das Forças Armadas com os seus meios próprios no movimento de 25 de Abril, para além da participação mais óbvia, dir-se-ia mesmo omnipresente, do Exército, começando pela da coluna da Escola Prática de Santarém, acaba por se descobrir que o momento mais significativo da participação da Armada terá sido... a não participação da fragata Almirante Gago Coutinho, quando se recusou a obedecer às ordens de fazer fogo sobre as forças rebeldes que ocupavam o Terreiro do Paço (na foto acima, de Alfredo Cunha). Por outro lado, a respeito da participação da Força Aérea, cuja participação nas operações daquele dia, em apoio de qualquer dos lados, não me recordo de alguma vez terem sido referidos, vim a surpreender-me, muitos anos depois com esta fotografia abaixo de Jorge Horta, onde se vê um helicóptero voando sobre a Baixa naquele dia, não sei a que horas nem sei com que propósito, se em manobra de intimidação,...
...e aí de quem sobre quem, se apenas em manobra de observação de como pairavam as coisas... Há ainda quem levante a hipótese do helicóptero ter vindo ver da (im)possibilidade de evacuar Marcello Caetano cercado no Quartel do Carmo. Isso combinaria com a cronologia que consultei. Ali, a primeira vez que se menciona a adesão de unidades militares da Força Aérea é às 20H00 de dia 25 de Abril, precisamente a mesma hora em que se tornam a mencionar unidades da Armada. Nessa altura, já Marcello Caetano se rendera. Esta última fotografia abaixo de Alfredo Cunha, feita na sede da PIDE com um fuzileiro de guarda e o retrato oficial de Marcello Caetano pelo chão, mas feita já a 26 de Abril, parece ser icónica por mais do que aquela razão aparente pela qual a fotografia é tão conhecida: o regime caíra; e mal se dera por ela no dia decisivo, mas no dia seguinte a Marinha já se tornara no ramo mais revolucionário das Forças Armadas. Iria manter essa vantagem nos 19 meses que se seguiriam...