21 outubro 2006

O 6º PALOP?

Como não seria difícil de antecipar, Alberto João Jardim subiu a parada no seu conflito com o governo central e, numa ameaça velada, mas no velo grosso que a subtileza de Jardim permite, concluiu a tirada da parte principal do seu discurso aludindo a que se não se fizer como ele quer – agora quer mais autonomia… - será tempo de outros tempos

É ao mesmo tempo engraçado e começa a deixar de ter graça ouvir alguém com as responsabilidades de Alberto João Jardim a ameaçar que se quer tornar em dirigente de mais um PALOP. Porque, não sabendo qual é a predisposição entre os madeirenses de correrem os riscos de ter que levar a manobra até ao fim, julgo aperceber-me de uma certa saturação no continente em condescender com as manobras de Jardim.

Porque não se pode esconder que por detrás desta escalada está uma questão de dinheiro e, provavelmente, uma questão de disciplina quanto às regras em vigor aprovadas legalmente quanto ao seu uso. Penso ser esta questão – o cumprimento do que está legalmente estabelecido - que Jardim está a evadir e a contornar pela retórica, pedindo agora mais autonomia para renegociar as regras do jogo.

Ora, brincar às independências nesta conjuntura pode ser politicamente perigoso. As contra manobras da propaganda de Lisboa podem atribuir – já estão a atribuir… - a Jardim um patriotismo interesseiro. E sabe-se o que as pessoas costumam pensar – e eu com elas – das amizades e dos patriotismos interesseiros: quanto mais depressa se acabar com eles melhor…

Pessoalmente, e se for votado maioritariamente pelos próprios madeirenses, será um gesto que lamentarei porque será um disparate colectivo, mas não me repugnará nada que eles adquiram a independência, desde que, não esquecendo o dinheiro que teria precipitado essa decisão, nos paguem o que nos devem - ficarão cá muitos a precisar mais do que eles…

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