18 outubro 2006

COM TODA A NATURALIDADE

No seguimento do jogo de escondidas que aqui outro dia relatei, onde um Procurador-Geral (das Ilhas Salomão) andava a fugir à justiça, ficou-se hoje a saber (sempre pela mesma fonte, o jornal The Australian) que não só o senhor já está preso como também há um ministro do governo desse mesmo país que também foi preso por ter prestado falsas informações ao seu primeiro-ministro.

No entanto, as coisas seriam muito mais claras se não se tivesse sabido que o foragido havia regressado às Ilhas Salomão a bordo de um avião militar da Papua Nova Guiné na companhia de um sobrinho do primeiro-ministro que alega não saber de nada e ter sido aldrabado pelo ministro que mandou prender. E, embora detido, o seu governo continua a recusar-se a entregar o Procurador-Geral foragido às autoridades australianas.

Em tudo isto, depois da desenvoltura que o vimos assumir em Timor-Leste, parece-me perfeitamente expectável e compreensível que o governo australiano mostre ter pelos seus homólogos das Ilhas Salomão e da Papua Nova Guiné uma cordialidade e confiança idênticas àquela que Eliot Ness mostrava ter por Al Capone e seus amigos na Chicago dos anos 20 e 30…

Acessoriamente, ao contrário de Taur Matan Ruak em Timor-Leste que, segundo as conclusões do relatório da ONU, é censurado pelo que podia ter feito e não fez, o seu homólogo das Fidji, o Comodoro Frank Bainimarama, podia fazer e fez mesmo: foi ter com o seu primeiro-ministro para ter uma conversinha a respeito de uma lei de amnistia com a qual ele não concordava e ameaçou depô-lo se a fizesse aprovar…

Estes meus posts pretendem-se tranquilizadores. Vistos deste nosso lado do Mundo, tão civilizado, todos aqueles acontecimentos em Timor-Leste a que vamos tendo acesso parecem-nos preocupantemente bizarros. Inserindo-os na respectiva cultura local, através destas notícias que aqui trago do que acontece nos países vizinhos de Timor-Leste, torna-se tudo muito mais natural…

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