
Nunca mais me esqueço da forma como um veterano da Guerra da Coreia enriqueceu a sua descrição da paisagem dos arrozais coreanos – de uma forma a torná-la inesquecível! – ao mencionar o odor que pairava no ar: como no Extremo Oriente o fertilizante mais utilizado nos arrozais eram os excrementos humanos, isso adicionava à paisagem agrícola o fedor nauseabundo de um esgoto…
Conforme as concebo, muitas das reconstituições históricas do quotidiano antigo que se pretendessem rigorosas deviam conter ruas apertadas, galinhas á solta, palha pisada, bostas de animais pululando pelo chão e crianças andrajosas, porcas e ranhosas a que se adiciona um fedor que devia tornar um artigo de primeira necessidade os perfumes que as classes sociais elevadas usavam.
E as pessoas distintas usá-los-iam (aos perfumes) não só para se protegerem das inclemências do exterior como também para disfarçar as suas próprias idiossincrasias. É que a tradição do banho das culturas mediterrânicas (grega, romana, islâmica) foi outras das vítimas das invasões bárbaras na Europa. E é preciso não esquecer que há aspectos da higiene pessoal que a água não resolve, como é o caso da higiene oral…
Sim, porque quem goste da História e sonhe em viajar ao passado para ali conhecer os seus heróis no original – e já não falo dos eventuais problemas de comunicação por causa da evolução da língua falada – teria de ir preparado para se poder encontrar com alguém que não toma banho há meses, talvez com uma dúzia de dentes na boca e um hálito capaz de matar-as-moscas-das-redondezas…
No Rio de Janeiro existe um "canal" que liga a Baixada Fluminense ao mar, destinado a águas pluviais.
ResponderEliminarEm tempo seco arrasta poluição de todos os géneros e emana um cheiro tão característico que os cariocas o rebaptizaram como o "Canal N.º 5".
Coco Chanel deve dar voltas no túmulo!!!
Será por isso que se diz que "o hálito não faz o monge"?
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