03 outubro 2006


É sempre refrescante ver alguém com capacidade de decisão mostrar arrependimento por uma decisão assumida no passado e corrigi-la. E quando essa atitude acontece na equipa dirigida por José Manuel Fernandes fico mesmo em vias de considerar que algo de quase milagroso se passou. Mas a verdade é que o Público reverteu a sua decisão de barrar os acessos às notícias on-line a quem não fosse assinante do jornal, uma decisão que é de saudar.

A esmagadora maioria das opiniões expressas, ainda que empíricas e mesmo que as da blogosfera fossem naturalmente suspeitas por conflito de interesses, indicavam que o fenómeno das vendas de jornais que fossem perdidas por utilização da versão on-line seriam negligenciáveis: quem comprava o jornal continuou a fazê-lo, quem ia à versão on-line, passou a ir à versão da concorrência ler as gordas.

Entretanto, nos últimos tempos, o Público tornou-se o jornal marreta da blogosfera, a recolher publicidade negativa cada vez que era feita referência a um artigo seu: link não disponível… Ao tornar a conceder o acesso ao pão-com-manteiga noticioso, mas apenas a esse e não aos artigos de opinião, se bem entendi as novas regras de acesso, o gesto ficou a parecer-me mais exuberante do que substancial.

Em tudo isto, há que saudar quem procurou subverter o sistema à sua maneira, como assinante que utilizava esse privilégio para pôr o conteúdo do jornal à disposição quem quisesse, que se deve sentir algo recompensado, numa altura destas. Se bem percebi as novas regras de jogo, foi uma meia-vitória e há que não desistir!

3 comentários:

  1. Obrigado pela referência elogiosa. É bom ver que o meu esforço não passou totalmente despercebido a quem lê o altermundo. E como lá escrevi, sinto-me de facto algo recompensado com esta "meia vitória". E as citações - mesmo, e sobretudo, de artigos de opinião - continuarão, bem entendido.

    ResponderEliminar
  2. Deve ser da nossa cultura que os exemplos individuais sejam muito mais empregues em contextos negativos do que o seu contrário.

    De um qualquer caso episódico extrapola-se: é por causa disso que este país está onde está!

    Que será feito da mensagem poética (que aqui bem se aplica) optimista:
    Há sempre alguém que resiste! Há sempre alguém que diz não!

    ResponderEliminar