
O que poucos ainda se lembrarão foram as razões porque Michael Dorsey (Dustin Hoffman) se dispôs a arranjar aquele emprego: ele queria arranjar dinheiro para levar à cena uma peça de vanguarda de que gostava muito, escrita pelo seu amigo Jeff (Bill Murray) e que, ficamos a saber pela opinião do agente de Michael (Sydney Pollack), se anunciava como um previsível fiasco de bilheteira.
No fim tudo acaba bem, a peça de Jeff é finalmente encenada com o dinheiro que Michael tinha arranjado que, como previsto, ali ficou enterrado. Eu bem sei que isto se passava no mundo da ficção, mas no mundo de fronteiras fluidas entre realidade e ficção em que parecem evoluir os okupas do Rivoli, não lhes ficaria mal, agora que a representação da ocupação do Rivoli terminou, que, copiando Hoffman, eles se fizessem á estrada e concorressem aos castings da Floribela ou dos Morangos com Açúcar…
Os nossos geniais autores e actores sentem-se incompreendidos, desdenham a plebe ignorante, mas sabem estender a mão ao subsídio para espectáculos para minorias que deliram com os filmes do etéreo ManOel de Oliveira.
ResponderEliminarPor mim, deixava-os no Rivoli, fechados a sete chaves, agrilhoados, a representar uns para os outros o "Huis Clos" enquanto ficariam "À espera de Godot".
No filme Tootsie, Jeff o dramaturgo (Bill Murray) tem uma tirada que sintetiza magistralmente em poucas linhas a petulância ridícula das vanguardas artísticas:
ResponderEliminar- I don't like when somebody comes up to me the next day and says, "Hey, man, I saw your play. It touched me; I cried." I like it when a guy comes up to me a week later and says, "Hey, man, I saw your play... what happened?"
(Não gosto quando alguém vem ter comigo no dia seguinte e diz "É pá, vi a tua peça. Tocou-me tanto que até chorei." Eu gosto é quando um gajo vem ter comigo uma semana depois e diz "É pá, vi a tua peça... o que é que aquilo queria dizer?")
Esta é uma das comédias da minha vida. Genial, hilariante e absolutamente actual.
ResponderEliminarJá fiquei bem disposta hoje só de passar por aqui.
Folgo muito em ter feito tanto com tão pouco, Marta...
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