Eu bem sei não ter formação e porventura nem terei sequer sensibilidade para saber analisar aquilo que o público leitor de jornais poderá apreciar e só por isso não teço quaisquer considerações sobre a decisão editorial do Público de atribuir duas das suas páginas iniciais completas (2 e 3) à ocupação do teatro Rivoli no Porto. Aliás, julgo que será o tipo de destaque que os ocupantes precisamente desejam.
Contudo, considero-me capaz de atribuir ou não a importância devida a um qualquer acontecimento que seja noticiado. E este, onde um grupo alargado de amigos – todas as descrições põem o número de ocupantes e acólitos na casa das dezenas – resolveu fazer uma passeata tipo okupas quase que em homenagem aos bons velhos tempos, não parece revestir-se, decididamente, de grande importância.
Mas o facto de um acontecimento não ter importância pode não ser sinónimo de que ele possua um grande potencial noticioso e gráfico, como se comprova pela cobertura que dele faz o jornal, com as palavras de ordem afixadas pelos ocupantes, empregando trocadilhos imaginativos como o Rivolição da fotografia ou similares. É tão engraçado e interessante como o eram as saudosas abóboras gigantes que apareciam nas hortas do Entroncamento.
É evidente que a intervenção daquela senhora que tem ocupado – sem muita distinção, saliente-se - a pasta da cultura, oferecendo-se para mediar uma disputa em que nenhuma das partes ainda tinha pedido mediador só contribuiu para adicionar um pouco mais de ridículo a uma situação que, pela sua ligeireza, tende naturalmente a ser observada de fora pelos seus aspectos mais animados e cómicos.
Mesmo que acredite que Rui Rio tenha um feitio insuportável que não lhe granjeará quaisquer simpatias entre a classe jornalística, em todo este processo a Câmara do Porto e o seu presidente têm-se mantido silenciosos, evitando qualquer pretexto para que a imprensa lhes caia em cima, a não ser os que estão mais assanhados que estão a ser obrigados a criticá-lo… mas por não dizer nada.
E faz bem Rui Rio, porque não tem o espírito de humor que a situação requer. O espírito de humor, por exemplo, que demonstrava Herman José (fazendo de patroa) quando abraçava a cabeça de Margarida Carpinteiro (a sopeira) na Cozinha do Tal Canal e condescendentemente apreciava os comentários desta: As coisas que elas dizem…Estas cabecinhas são tão giras, tão frescas, tão terra a terra, tão heróis do mar…
Contudo, considero-me capaz de atribuir ou não a importância devida a um qualquer acontecimento que seja noticiado. E este, onde um grupo alargado de amigos – todas as descrições põem o número de ocupantes e acólitos na casa das dezenas – resolveu fazer uma passeata tipo okupas quase que em homenagem aos bons velhos tempos, não parece revestir-se, decididamente, de grande importância.
Mas o facto de um acontecimento não ter importância pode não ser sinónimo de que ele possua um grande potencial noticioso e gráfico, como se comprova pela cobertura que dele faz o jornal, com as palavras de ordem afixadas pelos ocupantes, empregando trocadilhos imaginativos como o Rivolição da fotografia ou similares. É tão engraçado e interessante como o eram as saudosas abóboras gigantes que apareciam nas hortas do Entroncamento.
É evidente que a intervenção daquela senhora que tem ocupado – sem muita distinção, saliente-se - a pasta da cultura, oferecendo-se para mediar uma disputa em que nenhuma das partes ainda tinha pedido mediador só contribuiu para adicionar um pouco mais de ridículo a uma situação que, pela sua ligeireza, tende naturalmente a ser observada de fora pelos seus aspectos mais animados e cómicos.
Mesmo que acredite que Rui Rio tenha um feitio insuportável que não lhe granjeará quaisquer simpatias entre a classe jornalística, em todo este processo a Câmara do Porto e o seu presidente têm-se mantido silenciosos, evitando qualquer pretexto para que a imprensa lhes caia em cima, a não ser os que estão mais assanhados que estão a ser obrigados a criticá-lo… mas por não dizer nada.
E faz bem Rui Rio, porque não tem o espírito de humor que a situação requer. O espírito de humor, por exemplo, que demonstrava Herman José (fazendo de patroa) quando abraçava a cabeça de Margarida Carpinteiro (a sopeira) na Cozinha do Tal Canal e condescendentemente apreciava os comentários desta: As coisas que elas dizem…Estas cabecinhas são tão giras, tão frescas, tão terra a terra, tão heróis do mar…
(fotografia do Público)
Notável, como é habitual, no humor cáustico, implacável mas elegante, certeiro e lúcido. Um primor.
ResponderEliminarAgradeço o comentário embora a sobreposição de textos me impeça de saber a QUEM estou a agradecer...
ResponderEliminarNão é para agradecer, é o simples reconhecimento do mérito e o mais elementar reconhecimento pelo prazer de textos de qualidade.
ResponderEliminarSe bem percebi, são dois tipos de reconhecimento, um de percepção e outro de agradecimento. É isso?
ResponderEliminarNem mais, caro anónimo.
ResponderEliminarObrigado, paciente inglês. É que eu já não sou assim muito bom com as letras do WORD VERIFICATION, agora quando elas se sobrepõem sou mesmo um desastre.
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