25 maio 2015

O LÁPIS PELA ORELHA E A CONTA EM PAPEL DE EMBRULHO

É desagradavelmente frequente encontrá-lo na caixas de comentários dos blogues. O processo consiste em, substituindo-se à sua inserção no contexto daquilo que se redige, dragar a passagem do texto do nosso futuro interlocutor com a qual se irá discorda, fazer um copy paste, pôr aspas no princípio e no fim e continuar a partir daí a expor, de uma forma que por vezes é quase autística, a sua opinião.

Por exemplo, em vez de se escrever

Diz-nos que o Sol nasce todos os dias. Ora eu discordo.

Apresenta-se o caso assim

O Sol nasce todos os dias (...)

Eu discordo.
Estruturalmente não estará errado. Mas formalmente é mais do que deselegante, é de uma canhestrice que me faz lembrar aqueles empregados de comércio de há uns cinquenta anos que que se passeavam de lápis atrás da orelha pelo estabelecimento, muitas vezes reduzidos ao tamanho de tocos, quiçá como um falso sinónimo de eficiência, de quem não tem tempo a perder à procura de onde o haviam deixado, tal como acontecerá neste processo do copy paste sobre a parcela do texto do interpelado. É um gesto pouco atencioso, grosseiro mesmo, para com o segundo como outrora também o era para com o cliente - quantos cabelos sebosos recordo a rodear os tocos de lápis! - que no fim e por norma recebia o que tinha para pagar numa adição feita num pedaço rasgado de papel grosso de embrulho, à laia de factura. E não raras vezes, a conta estava errada, desmentido a pretensa imagem de profissionalismo que se procurara construir...

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