04 maio 2015

COMO SUCESSIVAS CAMADAS DE UMA CEBOLA...

Como já se tornou quase tradicional nos dias que correm, as razões para os protestos terão começado por um vídeo de um dos seus sendo vítima de violência policial. A novidade da notícia é que os protestos se desenrolaram no centro de Telavive (abaixo) e foram protagonizados pela relativamente desconhecida – porque comparativamente pacífica (para o padrão regional...) – comunidade de falachas, os judeus de origem etíope. Tendo sido aceites como uma das tribos de Israel apenas a partir de 1977 (i.e., só 30 depois da fundação de Israel), a comunidade constitui hoje, com cerca de uns 135 mil habitantes¹, uns meros 1,5% da população com a cidadania israelita mas, por sinal, uma das comunidades que, apesar de uma substancial parcela dela já ser composta por nascidos em Israel, mais tem continuado a ser socialmente discriminada, só se situando acima da dos palestinianos tradicionais e da dos árabes de nacionalidade israelita. Apesar das manobras político-mediáticas óbvias que se lêem para obstar a acontecimentos que deram a Israel uma péssima publicidade (e, com um inimigo quanto a Palestina, Israel não se pode dar ao luxo de sustentar réplicas de um Ferguson ou de um Baltimore ou de uns arredores de Paris), o Estado de Israel parece suscitar, como numa cebola, a animosidade de camadas cada vez mais interiores da sua própria sociedade.

¹ E quase nenhuns na Etiópia de origem.

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