17 abril 2015

ONDE É QUE TU ESTAVAS NO 25 DE NOVEMBRO?

Ainda na continuação do poste de ontem sobre os veteranos da UDP/PCP(R) e a propósito de uma certa amnésia social colectiva que incide sobre os percursos travessos e sinuosos de uma apreciável fracção das elites portuguesas de uma certa idade, exiba-se exemplificativamente esta fotografia captada desde a plateia da cerimónia de homenagem a Ramalho Eanes que teve lugar a 25 de Novembro de 2013. No palco e televisionado para a assistência, Fátima Campos Ferreira desempenha o papel de anfitriã numa roda de vedetas da informação encarregadas daquelas tiradas elogiosas que se dizem nestas ocasiões sobre o homenageado, numa estética o mais parecida possível ao que as pessoas estão habituadas a ver nas suas televisões em casa. O orador no momento em que a fotografia é captada é Henrique Monteiro que ali estava em representação do Expresso, um veteranocomo se viu ontem – dos bons velhos anos da UDP/PCP(R). Eu bem sei que a carreira do homenageado é substancialmente mais vasta do que a data cujo aniversário ali (também) se comemorava (o 25 de Novembro de 1975), mas surgiu-me interiormente na altura a pergunta se no Expresso ninguém se havia tocado com o simbolismo das militâncias passadas do embaixador que haviam escolhido; e ocorreu-me quão pertinente seria se, da plateia, alguém confrontasse o orador, perguntando-lhe, à laia de um Baptista-Bastos da Democracia: Eh pá, de que lado é que tu estavas no 25 de Novembro? Quem se lembra, sabe que foram tempos em que Henrique Monteiro, como militante disciplinado, consideraria certamente Ramalho Eanes um fascista... Não era grave, mas pareceu-me ridículo. 

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