23 abril 2015

COMUNICADO DO M.E.S. PARA A REFLEXÃO DOS ELEITORES (23 de Abril de 1975)

CAMARADAS:

Vivemos um momento decisivo no nosso país. Os dias que se aproximam poderão ser graves. Temos que ultrapassar as pequenas coisas que nos dividem e lutar pela unificação da vanguarda revolucionária dos trabalhadores. Temos que avançar decisivamente na construção do poder popular, como único caminho para enfrentarmos o patronato reaccionário e criar as condições para a revolução socialista.

O Conselho da Revolução acaba de tomar importantes medidas de ataque ao poder dos grandes capitalistas e dos senhores das terras. Medidas que há muito se impunham e pelas quais o M.E.S. com decisão. As nacionalizações representam uma inegável vitória da luta das classes trabalhadoras em aliança com o sector progressista e revolucionário do MFA.

Mas o ocioso sistema capitalista não está destruído no nosso país e a burguesia, se não for eficazmente combatida, pode ainda recuperar o terreno perdido, refazer-se da crise em que se debate e sujeitar as classes trabalhadoras a uma redobrada exploração e opressão.

As eleições para a Assembleia Constituinte podem ser um passo importante para o refortalecimento do patronato. As forças burguesas sabem que eleições organizadas desta maneira hão-de permitir, como em todo o mundo, a vitória dos partidos que se acham ao seu serviço.

CAMARADAS:

Temos que impedir a vitória que a burguesia se prepara para obter.

Da mesma forma que vencemos na questão da unicidade sindical, da mesma forma como atirámos com o plano económico social-democrata do anterior Governo para o caixote do lixo – os mesmos trabalhadores em ligação com os soldados e marinheiros e o sector progressistas do MFA farão face às manobras contra-revolucionárias e golpistas que as forças burguesas pensam organizar a partir da posição de força que hão-de ter na Assembleia Constituinte.

Como vamos consegui-lo?

Como vamos lutar?

Coerente com a sua posição de vanguarda das classes trabalhadoras, de movimento que luta pelo socialismo e pelo comunismo, o M.E.S. procurará contribuir para responder a estas questões no

GRANDE COMÍCIO COM QUE ENCERRARÁ

A CAMPANHA ELEITORAL

NO DIA 23, QUARTA – FEIRA, PELAS 21 H 30

Com os camaradas da Comissão Política Nacional
- Vítor Wengorovius
- Eduardo Ferro Rodrigues
- Augusto Mateus
- Marcolino Abrantes


Vítor Wengorovius já faleceu, infelizmente. Augusto Mateus é um manhoso que se esvanece sempre que se trata destes «regressos ao passado». Marcolino Abrantes é um nome tão discreto que nem posso garantir que apareça na lista telefónica. Em contrapartida, Eduardo Ferro Rodrigues é corajoso e mantém visibilidade mediática: dirige actualmente o grupo parlamentar socialista na Assembleia da República, engendrando as manobras contra-revolucionárias e golpistas como só as forças burguesas num parlamento sabem organizar. Não será de, por ocasião do 40º aniversário, pedir-lhe um comentário evocativo a este documento, ao seu papel e o do M.E.S durante as primeiras eleições democráticas em Portugal? Apenas para que... Não apaguem a Memória e se esqueça a Vigilância Popular!

3 comentários:

  1. Um tipo de poste a que me tinha habituado e de que já sentia saudades.
    Que não se apague a memória!

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  2. Para me manter à altura do elogio publiquei um poste dedicado a um Partido da Democracia Cristã reclamando ser de centro-esquerda, nascido em Maio de 74, que esta coisa da Memória é como o Sol quando nasce: é para todos!

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    1. Exactamente. E eu estava a ficar convencido de que ele, Sol, ultimamente só estava a nascer para alguns. Folgo em constatar que estava enganado e que as coisas, afinal, são o que são e sempre foram.

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