28 abril 2015

O MODO AMERICANO E O MODO EUROPEU

A propósito das imagens e notícias que nos vão chegando de Baltimore, lembrei-me de outras equivalentes de há dez anos dos arredores de Paris e de alguns comentários a propósito que então li, de que fui buscar este remate abaixo, publicado na época no Abrupto de José Pacheco Pereira, acentuando a distinção entre o modo europeu e o modo americano de lidar com estes grupos marginalizados, elogiando implicitamente a eficácia do segundo:
...e, por último, o enorme contraste entre o modo europeu de “receber” e integrar os emigrantes envolvendo-os em subsídios e apoios, centrado no estado e no orçamento, hoje naturalmente em crise; e o modo americano que vive acima de tudo do dinamismo da sociedade que lhes dá oportunidades de emprego e ascensão social.
Percebo que por aqueles dias, o autor daquelas palavras estivesse a atravessar uma fase de liberalismo agudo, que a presença posterior do seu partido no poder, praticando-o, terá entretanto curado. Mas não se compreenda, para não ficar o equívoco do que acima se escrevia, que a opção americana fosse a solução para a prevenção destes acontecimentos (que a europeia não era). Porque aqueles que são marginalizados – apesar dos subsídios e apoios ou do dinamismo da sociedade – insurgir-se-ão a qualquer pretexto. O que o autor pretenderia dizer apenas, compreendo-o agora com os acontecimentos de Baltimore, é que, como modelo, o modelo americano parecerá ser substancialmente mais económico do que o europeu: dá-se-lhes porrada preventivamente, em vez dos subsídios...

2 comentários:

  1. A "coisa" é mais complicada do que parece,

    Por isso os antigos sobas, régulos, súbditos do nosso ex- império colonial, (e dos outros) toleravam e até agradeciam a ajuda do chefe-de-posto com a sua régua de cinco olhos.

    As adaptações são muito complicadas.

    É tudo tão bom, não foi?

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  2. O que é que é a “coisa” que “é mais complicada do que parece”? E, sendo complicada, porque nos deixa sem saber em que consistirá a complicação? E a que propósito é que aparece a invocação do “nosso ex- império colonial”? E o que me qualificará para responder à pergunta final que faz, para que eu corrobore que “tudo é tão bom”? Será que quem se assina “septuagenário” percebeu o conteúdo e o intento daquilo que escrevi? É que eu, confesso, não percebi nem um nem outro do comentário que deixou.

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