25 abril 2015

EM COMEMORAÇÃO DOS 40 ANOS DAS PRIMEIRAS ELEIÇÕES LIVRES EM PORTUGAL


Se, ainda antes do escrutínio dos votos, a enormíssima taxa de afluência às urnas (92% ) registada nas eleições de há quarenta anos começou por ser logo uma expressão inequívoca da forma pacífica como o povo português pretendia que a disputa política se travasse, independentemente de quais viessem a ser os resultados eleitorais, aquela mesma taxa transformara-se, desde logo, numa clamorosa derrota para todas aquelas organizações políticas que se haviam mobilizado abertamente contra a realização de eleições livres a 25 de Abril de 1975, renegando-se o compromisso que fora assumido um ano antes pelos militares do MFA. Mas não deixa de haver uma certa ironia no facto de, 20 a 30 anos passados sobre tais movimentações anti-eleitorais (abaixo), (pelo menos) dois dos dirigentes daquelas formações (Hermínio da Palma Inácio, LUAR, e Isabel do Carmo, PRP-BR) tivessem vindo a ser condecorados pelo presidente Jorge Sampaio com a Ordem da Liberdade...

4 comentários:

  1. Mas há mais, muitos mais, e não me refiro a toda uma geração de jovens universitários ou adolescentes de meados da década de setenta a quem, pela idade, poderemos desculpar algumas infantilidades ou ingenuidades.

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  2. Mas o que existe é um grande muro de silêncio - por inércia - à volta de muito do que aconteceu naqueles tempos. Não há propriamente censura mas também não é assunto que os visados abordem de bom grado mesmo quando solicitados: assim não há que "desculpar" nada a ninguém. Por exemplo, precisei de mais de quinze anos para descobrir numa entrevista que, nestas eleições constituintes de 1975, as "simpatias" de um memorialista emérito como José Pacheco Pereira iam para o Partido de Unidade Popular.

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  3. hehehe,
    Teixeira, esta sua resposta lembrou-me a história do BPN: toda a gente sabia e comentava que aquele banco tinha algo de estranho, só o regulador não via ali nada de anormal. Eu sei que não tem os meios e muito menos as responsabilidades do BP mas, que Diabo, os antecedentes do JPP não são assim tão desconhecidos. O problema é que, ultrapassada a fase da pergunta irónica e datada do Baptista Bastos, nunca mais os protagonistas de uma dada época da nossa história voltaram a ser confrontados com as suas atitudes e comportamentos dessa altura.

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  4. Expliquei-me mal a respeito do Pacheco Pereira. Já de há muito sabia que ele havia sido um grande M-L tripeiro, que havia pontificado até no cerco ao congresso do CDS. A única - mas importante - dúvida era o clube. Para um preciosista como eu não é mesma coisa ter sido um OCMLP - aí teria estado na companhia de um trauliteiro tripeiro tão famoso quanto o Pedro Baptista - um PUP ou um PCP (M-L). Lembro-me de uma vez em que o Santana Lopes o acusou (ao Pacheco Pereira) de ter sido um MRPP, a que o acusado respondeu com um infinito desdém pela superficialidade do acusador.

    Pois bem, eu quando acuso, não gosto de ser acusado de superficialidade...

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