Atravessamos uma fase em que o dialecto político português se presta a enriquecer constantemente, com novos termos inspirados na actuação daqueles que consideramos os expoentes da actividade. Depois da consagração da expressão dar-lhe uma bava, em que a bava se deve empregar no mesmo sentido da branca da expressão análoga deu-lhe uma branca (só que subentendendo-se no caso a manha e a má-fé daquele a quem a bava se deu), permitam-me a sugestão de que se acolha também o emprego do verbo marcelar (e suas conjugações), por sinónimo de argumentação pública feita com a mesma manha e má-fé do neologismo anterior, a que acresce um falso distanciamento sobre o assunto sobre o qual se marcela.
Chamo a atenção que pode haver contradições aparentes na actividade de marcelar. Assim e por exemplo, pode acontecer que, quando Marques Mendes marcela, o seu marcelanço seja flagrantemente contraditório com o marcelanço do Marcelo original. Mas não estamos livres de, se confrontarmos qualquer dos dois com a contradição das respectivas marcelisses, poder ser que lhes dê uma bava...
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