Eu não me canso de aqui agradecer o papel extremamente positivo desempenhado pelos nossos irmãos italianos em nos moralizar por não parecermos o povo mais rasca de toda a Europa ocidental. Claro que há os outros todos, mas ninguém quer saber a taxa de acidentes rodoviários da Bulgária, se não servir para nos fazer baixar mais um lugar e confirmar o discurso um pouco enrabado da cauda da Europa.
Eu bem sei que a malta cá em Portugal só fica satisfeita quando se martiriza e se deprime como deve ser – um diálogo entre utentes na sala de espera num centro de saúde pode servir de amostra perfeita daquilo que estou a descrever – mas a campanha eleitoral italiana tem dado mostras de proezas de, pelo menos no que respeita à política, ofuscar um Pedro Santana Lopes ou um Jorge Coelho. Mesmo figuras como um Alberto João Jardim ou um Narciso Miranda passariam por lá desapercebidos*.
Até os emblemas dos partidos concorrentes (em cima os dois principais) têm um aspecto ainda mais pimba que a maioria dos nossos – mesmo com a pomba da Nova Democracia do Manuel Monteiro incluída.
Por isso, como diríamos no Colégio Militar, faço um apelo para um enorme Zacatrás de agradecimento pelo povo italiano que, além de nos ter colonizado aqui há uns dois mil anos, nos restitui, quotidianamente, a nossa autoestima!
* Só Fátima Felgueiras é que permanece um fenómeno tipicamente lusitano. Mesmo em Itália, quando os juízes mandam prender, é mesmo a sério, é mesmo para prender.
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