13 abril 2006

2010

Embora muito menos famoso do que o seu antecessor 2001 de Stanley Kubrick, este 2010 de Peter Hyams, realizado em 1984, tem a virtude de nos esclarecer as razões que levaram o famoso computador HAL a descompensar e a assumir todo o comportamento bizarro do filme anterior.

HAL havia sido instruído para omitir da tripulação uma das razões da viagem espacial: a existência do grande monólito em órbita. Como o computador não estava programado para mentir, começou a desenvolver uma psicose que levou posteriormente ao seu comportamento.

Com os meus cumprimentos ao escritor Arthur C. Clarke, que completou assim de forma brilhante a ponta solta que ficara de 2001, existe um comportamento passível de desencadear psicoses muito semelhantes na forma como se finge tratar a utilização de informação privilegiada (insider trading) nas operações da bolsa. Em Portugal e em todo o Mundo.

Hoje, deu-se uma imensa propaganda a um caso detectado pelo FBI nos Estados Unidos, num esquema montado por dois funcionários bancários, novinhos, de 23 e 26 anos, que, depois da leitura, se percebe que foram gananciosos de mais, ao tentarem sacar mais de 5 milhões de euros em pouco tempo.

Temos, por um lado, uma sociedade que estimula, premeia e enaltece o enriquecimento, nomeadamente no que concerne aos ganhos obtidos em operações em bolsa mas que, ao mesmo tempo, pretende que aqueles que dispõem das informações que os fariam enriquecer facilmente se coíbam de o fazer – mas não sendo proibidos totalmente de investir na bolsa…

É psicótico porque, tirando a deontologia ou algum eventual receio de ser apanhado, acontece como aos imigrantes que continuam a invadir os Estados Unidos: só os mais desastrados ou os mais azarados é que acabam por ser apanhados…

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