06 abril 2006

DONALD RUMSFELD

Arriscando-me a fazer futurologia, é muito possível que a fotografia deste post - não, ele não está a fazer aquele gesto - venha a constituir uma das imagens de marca dos anos da administração deste Bush.
Não a imagem principal, evidentemente reservada para o presidente, mas a de um secundário incontornável, sem a qual a dinâmica do funcionamento da administração se torna pouco compreensível.

Salvaguardadas algumas distâncias, Rumsfeld aparecerá nas fotografias de conjunto como uma espécie de Himmler*, afastado dos holofotes, mas vagueando sempre por perto, sempre determinado, consciente e persistente na obtenção daquilo que é o poder real.

Rumsfeld é agora como um dos últimos Mohicanos** na defesa do modo como os Estados Unidos realizaram a sua intervenção no Iraque. Nem mesmo à sua colega Condoleezza Rice é permitida a ousadia de meio acto de contrição.

Claro que o desfecho final do incidente – a retirada das forças norte americanas do Iraque - já passa por cima do voluntarismo de Rumsfeld e que as maiores questões agora em discussão são a oportunidade e o decoro desse desfecho.

Fica a ironia de, como nota final, poder pôr com propriedade na boca de Rumsfeld a letra de uma canção da francesa Édith Piaf, gente de quem ele não deve guardar boas recordações enquanto governante: “Non, rien de rien/Non, je ne regrette rien***…

*Heinrich Himmler (1900-45) era o chefe supremo das SS, entre outros cargos, a segunda ou terceira pessoa mais poderosa na Alemanha do III Reich.
** “O Último Mohicano foi um romance (1826) da autoria de James Fenimore Cooper, descrevendo a extinção de uma tribo índia.
*** Não, nada de nada/ Não, não me arrependo de nada…

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