02 abril 2006

O AMBIENTADOR BRIZE

Tenho as minhas maiores reservas em relação à função desempenhada por estes ambientadores – atenção, eu disse ambientadores e não ambientalistas! – reticências essas que se exprimem tanto na forma como na substância.

A relação começou mal, com as campanhas publicitárias televisivas iniciais de lançamento do ambientador a mostrarem um boneco animado, pretensioso, que cantava um jingle irritante, com uma voz de convencido:

Olá, cá estou eu, o Brize contínuo,
Novo desodorizante…
E faço desaparecer,
O cheiro mais embirrante…

Resultava no final, que o mais embirrante do anúncio nem era o cheiro, mas sim o boneco… Mas ficou-me a expressão “Chegar como o Brize” ou “Chegada tipo Brize”, para designar os artolas que, mal acabados de chegar, procuram dar nas vistas a todo o custo, da maneira mais irritante possível.

Terá sido também por esta entrada em falso que os ambientadores iniciaram um processo de evolução? Não sei dizer, talvez não, talvez tudo tenha decorrido da evolução natural do produto.

Há ambientadores modernos nas mais variadas fragrâncias: marítima, floral (na imagem), pêssego, enfim tudo aquilo que a moderna química consegue reproduzir sem recorrer a uma molécula original do produto anunciado…

Mas o meu maior óbice aos ambientadores até é substantivo e não formal. Se existe uma fonte de produção de mau cheiro, por exemplo um esgoto exalando um cheiro fétido a merda, a melhor maneira de eliminar o mau cheiro continua a ser a eliminação da fonte.

Adicionando a contribuição de um ambientador à mistela que paira no ar, deixa de ser um cheiro de merda para ser um de fragrância floral (por exemplo) combinado com… cheiro de merda!

1 comentário:

  1. O ambientador "Défice" para tapar o cheiro dos "Impostos"!
    E governa(m)-se...

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